Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A ponta do lápis


Às vezes faço a ponta do lápis dele.

Abro o estojo como quem bebe água no copo em que ele bebeu, buscando seus segredos.  Só lápis, borracha, uma cola bastão e uma régua. Calados estão e assim permanecem, não revelam um só segredinho sequer. Na certa, a noite ganham vida tal Woody e Buzz e saem a tagarelar todas as histórias que eu gostaria de ouvir. As histórias do dia dele na escola.

Enquanto aponto o lápis de forma quase a esculpir uma ponta, penso no “F”. Que letra complicada essa... Será que ele já consegue escreve-la direitinho? Vendo assim, o “F” parece inofensivo, mas em letra cursiva assusta. Será que a professora o repreende pelo “F” mal feito, ou os amigos riem dele?

Ah, quem me contaria...

Como quem acha um presente de natal antes da hora, encontro, ao devolver o estojo com o lápis de ponta já feita, um desenho em sua mochila:

Aula de Filosofia  -
Felicidade
1000 x 0

E logo abaixo havia o desenho de 6 amigos no que parecia uma quadra de futebol. Sim, quase consigo reconhecer todos eles.

Que presente! Descobrir o que representa “felicidade” para o meu menino nos dias de hoje. Ganhar de 1000 a zero no futebol. Alemães nunca ousaram sonhar com um 7 x 1, e meu menino sonha com 1000 x 0. 

Após alguns minutos contemplando o desenho, volto a franzir a testa como de costume.  O “F”!  O desenho tinha que ser na aula de “F”ilosofia e sobre “F”elicidade?

Ele ainda não sabe escrever o “F” direito. Só ele. A pedra no meio do alfabeto de letra cursiva.

Não tem jeito, penso comigo.

Neste momento decido intervir. Retiro novamente o estojo da mochila, encontro o lápis apontado de forma perfeita. Mas essa ponta não serve. Concentro-me e refaço meu trabalho, desta vez com a ponta mágica, aquela que faz meninos aprenderem a escrever o “F”.

Sempre tento não intervir ( não gosto de gastar a magia materna a toa), mas desta vez tive que faze-lo.  O “F” mal feito estava atrapalhando a “felicidade” do meu menino. Nada pode atrapalhar a felicidade do meu rapaz!

E que venham os 1000 gols.

(Só Pelé!)

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