Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 27 de novembro de 2011

Ajuda bem-vinda, visita breve

Interessante a interface entre ajudar e incomodar.
Andei sumida, fui a Brasília. Lá nascia a pequena Alice. Além do interesse pessoal em conhecer a linda sobrinha, fui convocada a ajudar os pais de primeira viagem. De início senti-me honrada com a proposta, depois senti-me velha ( chamam de "experiente" eufemicamente) tendo parido 20 filhos, e depois veio o sentimento de responsabilidade. Sem muito tempo para pensar, comprei a passagem e entrei no avião. Eu tive 3 horas para remoer meus questionamentos: E se ela não mamar? Será que o que funcionou para os meus filhos vai servir para Alice? Qual meu papel nessa história toda? E se ocorrer um problema médico, devo agir como médica ou amiga? Mas, como toda boa virginiana com o desconfiômetro nas alturas, a principal pergunta era: Será que não vou incomodar? Por certo eles querem curtir a primeira cria, sentirem-se 3 pela primeira vez, ambientar-se, curtir o luto da vida sem filhos... Minha cabeça estava a mil.
Cheguei no aeroporto, recebida pelo pai de Alice. Sorriso aberto, contando animado as aventuras do parto natural, os desafios vencidos e as perspectivas para a nova vida. Ouvir aquela voz agitada e ansiosa tranquilizou-me, pois se nada vim fazer em Brasília pelo menos escultar seria uma boa função. Entramos no hospital, conheci Alice, linda, sadia e tranquila. Pronto, acho que já posso voltar a Fortaleza... Tudo corre bem, abracei a mãe, deixei energias positivas e confirmei a saúde e a beleza cativante de Alice.
O que mais posso fazer aqui? Bem, a cada minuto surgia uma resposta. E a relação entre mim e a nova família de três foi surgindo tímida porém profunda. Saber amar é deixar alguém te amar, e assim também ocorre com o cuidar. Essa família se deixou cuidar. Olhinhos atentos, perguntas honestas e aprendizes aplicados. Com o tempo abracei minha missão com unhas e dentes, porém sempre acompanhada do conceito virginiano de distância regulamentar. Lembrei da minha própria história: primeiro filho em um país estranho, longe da família, outra língua... A ajuda de minha mãe foi fundamental, porém eu desejava meus momentos a 3, ao a 2. Também muitas vezes queria exercitar meus instintos maternos sem ter que seguir a cartilha.
Fiquei 3 dias e 3 noites com essa família linda. Missão cumprida. Tentei fazer de tudo um pouco, com certeza ultrapassei limites, e fiquei aquém da função em outros momentos, mas o saldo foi positivo.

Depois de três dias, a cabeça diz que é hora de partir, deixar o casal lamber a cria sem interferências, mas o coração... O coração fica apertado pensando que no outro dia tem as primeiras vacinas, e se a icterícia piorar?  Será que o umbigo vai cair logo? Quem vai ajudar durante a noite?  E a reação da vacina? Vai aceitar a chupeta? E Isso tudo para não falar da saudade...
Ajudar e se deixar ajudar é uma arte. Existem limites, linhas tênues a serem respeitadas. E lembrem-se, se tudo mais falhar, se você não souber o que fazer para ajudar e não quer arriscar, sigam o estilo americano: prepare com carinho uma receita caseira e leve aos pais do bebê, pois eles sempre estão famintos e cansados demais para pensar em cozinhar!



3 comentários:

  1. Adoro ler seus textos Iusta, voce escreve muito bem , e de uma maneira super agradável de se ler.
    Parabéns!!

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  2. Parabéns!! Que lindo e verdadeiro o q vc escreveu.....abração

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