Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Minha vida em um porta-luvas


Há algum tempo não consigo fazer tudo que planejo. Pior, não consigo nem chegar onde desejo, muito menos na hora marcada.
Como se não bastasse a vida ser corrida por ela mesma, temos que nos deslocar desviando do trânsito movimentado ( quando dá), desviando da mau educação e intolerância dos outros ( quando dá) e dos pontos mais perigosos da cidade (quando dá).
Tenho pena de mim, perdendo tempo, o bom humor e a paciência no trânsito de Fortaleza. Tenho mais pena dos meus filhos, que pela idade, minutos parecem horas, bom humor vai-se fácil e paciência é virtude rara.
Infelizmente é imprevisível o que encontraremos pelo caminho. O mesmo percurso pode durar poucos minutos ou horas, a depender das mais variadas situações como apagões, obras, manifestações e acidentes. Pior que isso, o trânsito pode estar ruim simplesmente por ser assim, por ser Fortaleza, essa nossa cidade triste e desestruturada. 
Lembro-me que quando nevava muito em Washington, todos saíamos de nossos trabalhos mais cedo e íamos ao supermercado comprar produtos de necessidade básica: leite, pão, lanterna, papel higiênico... Tínhamos medo de não poder sair de casa por muito tempo.
Hoje, levo minha vida dentro do porta-luvas. Aqui não neva, e nem precisa nevar para que fiquemos presos em nossos carros mais tempo que o necessário, que o permitido, que o recomendado para que tenhamos uma vida saudável.   
Lenços humedecidos, biscoitos doces e salgados, água, suco, revistinha em quadrinhos, CDs de música infantil, carregador de celular... Tenho medo que meus filhos tenham fome, sede, tédio, sono, vontade de ir ao banheiro... Tudo isso em um engarrafamento, depois de um dia exaustivo.
Exagero?
Já saiu de casa hoje? Eu já. ( e com o porta-luvas cheio)

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