Marina
foi a única criança que topou fazer um passeio na praia naquela tarde. Os
outros se distraiam com bola e piscina. Com o sol ainda alto, fomos, eu e ela,
caminhando contra o vento em uma das praia mais bonitas que conheço: praia da
Redonda em Icapuí.
A
praia é formada por uma grande enseada emoldurada por falésias em seus dois
estremos. A areia brilha à luz do sol ou da lua formando um prateado elegante.
O monótono da areia é quebrado por pedras que se expõem na maré seca e se
escondem na maré cheia. O mar é tranquilo para o banho e abriga sem reclamar
diversas embarcações dos pescadores locais.
Seguimos
nosso passeio distraídas com a beleza do lugar e com a vida marinha que
habitava as piscinas naturais. Porém, vez ou outra nossa diversão era interrompida
por sacos plásticos voando, garrafas PET enterradas na areia e restos do que
deveria ter sido um agradável piquenique na praia. Não raro as ondas traziam
mais plástico, mas do que não deveria estar ali.
Que
tipo de pessoa faria isso? Falou a menina com tom de lamento. Já catequizada
pela educação ambiental fornecida na escola e com certeza influenciada pelo
exemplo dos pais, Marina achou aquilo um absurdo.
Eu,
infelizmente já calejada pelos absurdos vistos ao longo da vida, teria
respondido: toda sorte de gente, pessoas
ordinárias, dessas que vemos aos montes por ai.
Esta
seria minha resposta sincera, mas limitei-me a dizer: São apenas pessoas que
não conhecem a importância da natureza e não tem a educação necessária para
medir o mal que faz ao jogar lixo na praia.
Marina
continuou falando dos sacos plásticos, das tartarugas, dos golfinhos e do tempo
de decomposição dos diferentes tipos de materiais. Eu escutei atenta e de
quando em vez confirmava a informação que me era dada, mesmo sem saber ao certo
as dezenas ou centenas de anos que uma garrafa PET levava para se decompor.
Identificar
coisas erradas é excelente para educação das crianças. Mas o bom mesmo é fazer
a coisa certa. No dia seguinte, levamos sacos de lixo de 50L para o nosso
passeio da tarde. Conseguimos um ajudante, Igor, que animou-se com a atividade
de catar lixo na praia! O passeio foi curto pois não demorou muito para
conseguirmos encher os dois sacos.
Terminamos
nossa caminhada bem felizes por termos feito alguma coisa para minimizar a
sujeira da Redonda. Coisa bem pontual, que vai pouco além de nós mesmos. Mas,
como sempre escuto uma amiga falar: salvar uma criança é salvar o mundo.
Então... Marina e Igor, a bola está com vocês!
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