Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O que?! ( ou: sério?) ( ou: você falou isso?)


Censurado para menores

Sou chata, muito chata. Não aceito palavrões aqui em casa. André e Igor até já arriscaram alguns porém arrepederam-se prontamente. E faço questão de reforçar o castigo toda vez que se repete. Ainda bem que a frequência ainda é baixíssima.

Mas não posso impedir que escutem palavrões. Foge ao meu controle. E, Graças a Deus, cedo na maternidade descobri que não conseguimos controlar o mundo no qual nossos filhos se inserem, embora tentemos muito. O melhor a ser feito é aceitar, mostrar com clareza o que é certo e o que é errado e monitorar se eles estão aplicando o que você ensinou.

O teste de fogo é levar seu filho a um estádio de futebol. Um festival de palavrões. Eles são de todos os tipos: grotescos, bizarros, ofensivos e alguns até não identificados. E não adianta, você não vai conseguir fugir deles. Se por um rearranjo cósmico você sentar perto apenas de torcedores bem comportados, o som da torcida organizada garantirá a cota de palavrões mínima a ser ouvida durante um jogo de futebol.

E se a educação mais eficaz é aquela que se dá pelo exemplo, muita calma nesta hora. Você se aguenta, se retorce e se supera. Consegue passar boa parte dos noventa minutos sem dizer um palavrão. Até que o juiz expulsa seu camisa 10, ou não marca o pênalti claro, ou não coíbe a catimba exagerada, ou... São muitas as situações em que um belo palavrão dito em alto e bom som cabe dentro de uma partida de futebol. Como uma luva.

Ao dizer um palavrão vez ou outra dentro do estádio tenho a chance de ensinar aos meus meninos que temos sentimentos fortes, que às vezes agimos impulsivamente e que é sadio extravasar as emoções. Se eu não disser nenhum palavrão, nenhuzinho que seja, corro o risco de passar por chata, fria e calculista que tolhe as emoções e inibe expressões espontâneas de sentimentos verdadeiros. ( Pronto, essa fui eu me justificando. Quem nunca?)

Já havia levado os meninos algumas vezes ao estádio, mas ontem foi especial. Vou contar a você:

Era a primeira vez que nós íamos ao PV com os meninos. O Ceará jogou bem o primeiro tempo e virou ganhando de 1x0 do Guarany de Sobral.  No segundo tempo, o Guarany voltou melhor, ameaçando logo no início com várias chances de gol. Aí, a redenção, pênalti para o Ceará.

Magno Alves posiciona-se para a cobrança para desespero da torcida. Os xingamentos para o craque do time não eram de todo injustificados. O Magnata sabe fazer gol, mas definitivamente, não os sabe fazer cobrando pênalti. Dito e feito. Perdeu.

Olho para o André indignada e digo:  Tu viu? Ele perdeu de novo!
E meu menino, sem a menor cerimônia, disse: Puta Meeeeerda!

Puta merda? Como assim puta merda??? Assim na minha cara. Olho no olho? Fiquei meio sem ação. Na verdade, puta merda era fichinha diante do que outros torcedores estavam dizendo. Mas o puta merda tinha saído da boca dele.

Pausei e disse em voz calma: Amor, isso não se fala, é palavrão, é feio.... Blá, blá, blá...
E André dá uma batidinha no meu ombro e diz: Relaxa mãe, tá tranquilo. No estádio pode. E se vira para acompanhar o jogo.

Ri. Ele tem razão. Um “puta merda” naquele momento só iria fazer bem. Não ofendeu a ninguém, não agrediu.

Então escutem todos! A regra é clara. Palavrão só no estádio, de preferencia poupando a mãe do juiz e em situações que realmente mereçam a transgressão.

E vamos lá. Comer churrasquinho na porta,  Marujinho lá dentro. Vamos para o canto onde se segrega não pela cor da pele, preferencia sexual, religião ou classe social. Mas sim pela cor da camisa. Ali tá todo mundo, gente de todo tipo, com a mesma camisa e com um só desejo: ver o time ganhar.

O estádio ensina muito. Muito do que não se deve fazer, e isso faço questão de pontuar aos meus meninos. Mas o estádio agrega, ensina muita coisa boa também. E agora meu menino aprendeu que tudo tem seu tempo e hora. Até um palavrão.

E depois aprendeu humildade, quando o artilheiro do Brasil pediu desculpas a torcida por ter perdido o pênalti. Aprendeu sobre superação quando esse mesmo artilheiro fez um gol logo depois. Aprendeu a se expor e a curtir o momento quando juntou-se com outros 4 meninos que nunca tinha visto e ficou batendo bola com uma dente de leite na beira do campo.

Placar final de 4 x 0 para o Ceará. Família feliz, menino feliz.

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