Às
vezes a grama do vizinho é realmente mais verde. Ponto.
Notei
isso há alguns dias e só agora parei para escrever. Escrevo como quem rumina o
tema na tentativa de digeri-lo melhor.
Ocorre
que o vizinho tomou decisões mais acertadas que as minhas, dedicou-se mais que
eu ou simplesmente o filho dele é canceriano e o meu é sagitariano, isto é,
eles são diferentes!
Nesse
mundo de disputas por quem “materna” melhor, ver o que vi foi como um tapa na
cara, uma nota vermelha no meu boletim. Vi uma cena quase inimaginável.
Conto
agora: um menininho nos seus 4 anos, acompanhado
da babá, espera ansioso o irmão mais velho na saída do colégio. O sino toca e o
irmão, de mais ou menos 7 anos, é um dos primeiros a sair. Os dois se abraçam,
conversam e trocam brincadeiras e carinhos. Contam um ao outro o que de melhor
ocorreu na manhã e fazem planos para a tarde.
Não
acham nada demais? Eu achei fantástico. Um acontecimento que como mãe de dois
meninos, 5 e 7, acho que nunca vi. Vou descrever o que aconteceu com os meus
meninos no mesmo dia. Acho que assim vocês entenderão melhor o meu espanto.
Eu
cheguei ao colégio do André e esperei o sino tocar. Ele foi um dos últimos a
sair e quando me viu fez cara de decepção pois queria ficar brincando ( ainda
mais) com os amigos. Saímos e ele me revelou, a preço de ouro, alguns detalhes
de sua manhã. Fomos pegar o Igor na escola vizinha e não demorou muito para as
brigas, disputas e desavenças começarem.
É
tão cansativo ver os meninos brigando o tempo todo, quanto é prazeroso vê-los
brincando juntos. O problema é que a primeira situação é bem mais frequente
hoje em dia. Leandro e Leonardo descreveram bem a situação: entre tapas e
beijos....
Não
tenho dúvidas de que eles carregam uma estima enorme um pelo outro, mas certamente
carecem de maturidade para aceitar as diferenças que existem entre eles.
Como mãe, faço um exercício diário para escolher
corretamente que batalhas vou lutar. Essa é uma que agarro com unhas e dentes e
não abro mão: respeito e companheirismo entre os meus meninos. Mas tenho
apanhado bastante da rotina diária e o placar aponta larga vantagem para o
adversário.
Conformo-me um pouco ao lembrar da minha infância de
tormento. Eu e minha irmã éramos feito gato e rato, porém na hora do pega pra
capar ela estava sempre ao meu lado e aqui permanece até hoje. Essa seria a
minha “luz do fim do túnel”. No final, tudo se ajeitara.
Me
apego também à máxima da infância que diz que tudo passa, que tudo é só uma
fase... Que assim seja. Daqui há uns meses escreverei um post falando da
harmonia entre os irmãos André e Igor. Como já escrevi no passado sobre o
companheirismo entre os dois, acredito realmente que a fraternidade
desenvolve-se em ciclos, revisitando a cada volta o companheirismo e a
individualidade até atingir um equilíbrio bacana.
Por
enquanto vou achando lindo irmãos se encontrando na porta da escola e se
abraçando como vi outro dia. E vou aplaudindo os pais deles que nem conheço mas
sei que o que estão fazendo está dando certo. Esse é outro exercício que faço:
aplaudir e dar mérito a outras mães. Hoje
em dia esse é exercício é pouco praticado e a ciumeira anda solta como se estivéssemos
em uma constante disputa e ao final existisse um troféu de melhor mãe. Para
mim, troféu de mãe é ter um filho feliz e isso depende muito pouco da grama do
vizinho.