Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O tempo passa e eles crescem... Que bom!

Mais um ano passou e agora meus meninos tem 5 ( e meio) e 8 anos.
Eles crescem. É inevitável e desejável. E a grande beleza da maternidade é contribuir e acompanhar essa transformação.

É como se mãe e pai andassem na cola do destino, sussurrando em seu ouvido desejos de vida boa para os filhos. Isso tudo com a certeza confortadora de que podemos interferir no que virá.

Caminhando de mãos dadas com o acaso e driblando os imprevistos vamos acompanhando as mudanças de cada dia.
Antes comemorávamos orgulhosos e com o peito cheio de satisfação os primeiros “mama” e “papa” e agora repreendemos com olhar surpreso os primeiros “caralho” e “porra” na mesa de jantar. 

-       Onde você aprendeu isso? Perguntamos horrorizados.

Aprenderam por aí. No mundo.  Que muito graças ao nosso esforço eles estão podendo vivenciar, degustar e absorver. Agora vamos ajuda-los a peneirar, selecionar e dividir o que querem para si e o que querem deixar longe. Guiar para as boas escolhas ( que nem sempre serão tomadas).

Tentando fazer do exemplo um aliado e contando sempre com a amiga sorte, seguimos em frente. A persistência deve ser companheira mas infelizmente tem o cansaço como vizinho quase sempre presente. E seguimos.

Não me entristece o tempo que passa. Que bom que ele passa e nós persistimos. Nossos filhos crescem e vão colocando na bagagem dias bons, experiências, aprendizado, decepções...  

Eles crescem e isso é fantástico. Acho massa dividir minhas Havaianas com o André. A família toda na rede já começa a ficar arriscado e isso deve ser motivo de gargalhada e satisfação.

Um pouco de nostalgia faz parte. Saudade de quando eram pequenos é saudade boa. Sinal que o que vivemos foi maravilhoso e deve ser recordado com prazer mas nunca ofuscar o presente.

Bom mesmo é olhar para nossos meninos agora, do jeitinho que eles estão. Se tiverem com um sorriso no rosto é melhor ainda.

Eles crescem mas nós não os perdemos, eles só estão em versão ampliada. Ainda vale o abraço, a manha, o dengo. Sempre valerá.


Que venha mais um ano bom e que nossos meninos continuem crescendo e sendo felizes.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Choro


- Não gosto de choro sem motivo!

Essa frase sai com frequência da minha boca. 

Tento ensinar os meninos a se comunicarem com palavras, a falarem o que sentem e a serem transparentes com seus sentimentos.

Pois é... Esse é um daqueles dilemas da maternidade: educar e ensinar. Ensinar até o que não sabemos.

Todo mundo tem suas limitação e dizer o que realmente quero e sinto é a minha. Guardo sentimentos bem guardados. E como um bom coração de mãe, o meu abriga todo tipo de coisa sentida, não falada e engasgada. E sempre caba mais...

Seja para não magoar a outra pessoa, para evitar conflito ou para fugir de uma conversa que não quero e nem sei ter, eu calo. Calo muitas vezes também por achar que simplesmente não tem jeito, não adianta ou não vale a pena.

Assim evito o conflito com o outro, mas a mim cabe arrastar sentimentos negados, sapos engolidos e palavras abortadas. Sempre vivi assim e venho sobrevivendo. Mas não desejo isso para os meus filhos.

Prefiro que sentimentos sejam como livros. A gente lê, sente, aprende e depois repassa, reconta e empresta. Devemos guardar apenas os que nos são tão queridos a ponto de  não conseguimos nos desfazer . Mas claro, contamos para todos que lemos.

Infelizmente, por enquanto só espalho livros por ai. Os sentimentos permanecem guardados. E vou sentindo, calando e guardando. Estante cheia de coisas vividas que arranharam de alguma forma a alma.

Não sou vingativa. Acredito que perder tempo com vingança é bobagem. Como acredito que o destino é sábio e infalível, deixo, então, a vingança por conta dele. Livro-me da vingança mas não do choro.

Não digam aos meus filhos que choro sem motivo. Vivo fazendo isso. Na verdade, motivo deve ter, só que devo ter escondido tão bem que não acho mais. Talvez por isso deseje tanto uma cerveja gelada às vezes. Ela me ajuda a acha-los.

Tenho vontade de chorar e algumas vezes consigo. Pela manhã, ao deixar os meninos na escola, quando dispo-me um pouco da maternidade. Depois do Pilates quando o corpo se compadece da alma e também cansa. Quando tomo um banho morno e relaxo, rompendo a vigília e abrindo os portões.

Choro e algumas vezes faço um exercício de descobrir o porquê. Outras vezes, a maioria, só choro.

Às vezes me dá uma vontade danada de falar, abrir o berreiro e dizer o que realmente me incomoda. Fogo de palha! Tenho diálogos inteiros no engarrafamento comigo mesma. Eu falo, falo, falo... Ufa, pronto, falei.

Dia desses fui falar. Respirei fundo e disse o que estava sentindo. Não deu muito certo. Remorso por ter agredido meus amigos com meus sentimentos, mas principalmente por ter traído a mim mesma. Aquela não era eu.

Eu ficaria emburrada, meio distante e calada por alguns dias. Tempo necessário para eu esconder direitinho o sentimento. Esconder daquele jeito que nem eu encontro mais. Mas nesse dia inventei de falar.

Falei tão desengonçada que nem me reconheci. Falta de prática, de treino e de habilidade. Não sei falar o que sinto e não tenho o menor orgulho disso. Nem sei falar e nem sei a hora certa.

Mas sei, depois de muito treino, guardar as palavras que deveria ter dito e depois deixa-las escorrer em lágrimas. Alguns, ao me verem chorar, lerão livros inteiros. Esses são os que amo. Amor esse que não escodo e exibo com orgulho.

Torço para que os meus meninos chorem quando adultos e que existam muitos ao redor para lê-los e abraça-los. Mas que, muito além disso, eles digam com clareza e ao seu tempo o que sentem. Digam em alto e bom tom para que os desconhecidos, os ainda iletrados, saibam e possam compreende-los melhor.

Isso, com certeza, tornará a vida mais leve.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Tem muito nome de gente ( em uma família querida)


Essa musica é a cara da minha infância por fazer parte de um CD que escutávamos bastante. "Adivinha o que é" do MPB4 é um CD maravilhoso. Ele está na lista dos nossos CDs infantis favoritos que você pode conferir aqui . Agora ele também tem uma versão em DVD com clips bem divertidos.

Nós aproveitamos a música e fizemos uma homenagem a nossa família nesse Natal. Substituimos os nomes originais por nomes dos nossos familiares e criamos uma versao bem bacana. Os meninos se divertiram criando e cantando a "nova " música.

Procuramos os significados dos nomes  fazendo uma busca rápida no google e adaptamos à música original tentando criar uma rima. O processo foi bem divertido. Fábio e eu colocamos a mão na massa e os meninos ficaram se divertindo com o resultado. Eles sempre reclamavam que os nomes deles não apareciam na música. Pronto! Agora aparecem rsrsrs

Que tal você criar uma versão para a sua família? Ótima atividade de fim de ano para reunir todo mundo e fazer algo diferente.


Tem muito nome de gente
Muito significado
Raul que é prudente
João, o agraciado

Cleto, eleito presidente
Tibério é ajustado
Tem muito nome de gente
Muito significado

Ataulfo é nobre-lobo
Almir, nobre expoente
Armando, militar
Arlindo, águia e serpente
Fabio que é um feijão
Leonardo é leão forte
Catulo, pequeno cão
Bernardo é urso forte.

Ines quer dizer que é casta
Cecília, sabia leitora
Ana, cheia de graça
Carol, encantadora
Marina é marinheira
Clara, brilhante estrela
No meio de tantas belas
É Vera que é verdadeira

O André e o Igor
Nasceram dos mesmos pais
Mas um diz que é guerreiro
O outro, principe da paz
Da voz bela tem Vinícius
Carinhosa tem a Lina
Melissa por que dá mel
Tem nome de toda sina


Tem muito nome e a gente
Cantou somente um bocado
É muito nome de gente
Prum verso de pé quebrado
A gente fica contente
Se ninguém ficar zangado
Se nesse quase repente
Seu nome não foi cantado




quarta-feira, 25 de novembro de 2015

10 brincadeiras para fazer com seus filhos nas férias

Nesses 5 anos de blog já postei muitas brincadeiras que faço com os meninos. São brincadeiras em que podemos curtir juntos e dar boas gargalhadas. Gastando quase nada, você pode se divertir com criatividade e transformar uma tarde qualquer em uma tarde especial.

Adoro brincar com os meninos, mas se tudo mais falha, eu os levo para a cozinha. Fazer um pão, um bolo ou organizar um lanche diferentel juntos é sempre uma boa pedida.  Plantar também é sempre muito bom. Adubar e aguar as plantas já existentes também vale!

 Agora, com o início das férias, sempre é bom relembrar algumas brincadeiras para fazer com as crianças.
1. Pintura de bonecos de gesso( Pode ser em tela ou em madeira tb!)

2.Criando tiaras de bichinhos 

3.Sombras, massinha e lanche divertido ! 
 
4.Brincando com balões ( A moda aqui agora é usar os balões cheios de água e jogar futebol com eles rsrsr)

5.Colorindo a água!  (Colocar vinagre ao invés de água e depois slapicar bicarbonato de sádio vai tornar a brincadeira ainda melhor! )

 6.Lavar o carro! ( não é brincadeira, mas pode ser) (Na verdade, tarefas domésticas sempre podem ser tranformadas em brincadeira. Fazer supermercado e cuidar das plantas pode ser muito divertido!)

 7.Pintura com lapis aquarelados ( Não precisa ter muita habilidade. Às vezes uma estrela na mão já faz uma festa)

 8.Banho divertido  (Sempre funciona quando os meninos querem dar uma de Cascão aqui em casa)

9.Tirar fotos (Você vai poder ver o mundo pleos olhos do seu filho, muitas vezes eles nos surpreendem pela sensibilidade)

10. Visite o IG do folga da baba e procure pela hashtag #brincadeirasfolgadababa. Por lá você encontra papel bolha, desenho gigante, vinagre com bicarbonato, mentos com coca-cola... Tudo muito divertido, baratinho e a cara das férias!


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Kids & Mamas: Iniciando as férias com o pé direito!

Carrego meus meninos comigo pra todo canto. Se em época de aula é assim, imagina nas férias... Eles virarão praticamente uma extensão do meu corpo rsrsrsrs
André e Igor já perguntam:

-       Qual a listinha de tarefas hoje, mamãe?

As tarefas são as coisas que temos que resolver naquele dia. Supermercado, passar na gráfica, comprar presentes, visitar alguém, pagar contas, conhecer novos cantos... Tento incluir algo legal no meio da listinha de obrigações, seja passar na banca para comprar uma revistinha nova ou um lanche gostoso em um lugar legal.

A gente tem que mesclar o tempo todo programa de adulto com programa de criança nesta correria do dia a dia. Mas aqui coloco uma sugestão legal de programa no início dessas férias que com certeza agradará toda a família. É o Kids & Mamas. Uma feira de produtos materno-infantis, um lugar de aprendizado para crianças e pais, uma lugar de diversão com diversas atrações, tudo em um só lugar!

Serão diversas atrações gratuitas e algumas apresentações e palestras pagas com grandes nomes nacionais. A programação fica melhor a cada dia e muitas novidades ainda estão surgindo nesta ultima semana de preparativos.  

Faltam apenas 4 dias!!  Confira aqui mais sobre o Kids & Mamas e acompanhe as novidades no nosso instagram. Nos encontramos lá! 


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Vem aí um evento super completo com muitas novidades e atrações para toda a família! 
 
O Kids&Mamas acontecerá de 27/11 a 06/12/2015, no Shopping Iguatemi de Fortaleza. 
 
Palestras, oficinas, shows, brincadeiras, desfiles e espaço Kids vão animar as crianças e informar os adultos. A proposta é contribuir com a sociedade, levantando a bandeira da Educação Infantil. O Kids&Mamas desenvolverá várias atividades pedagógicas em parceria com renomadas instituições e em 2015 o evento prestará uma homenagem a um dos maiores escritores brasileiros da literatura infantil, nomeando os espaços do evento com os personagens de Monteiro Lobato.

Entre as atrações mais esperadas estão a Supernanny, Cris Poli, a apresentadora do programa “Socorro! Meu Filho Come Mal!” (GNT), Gabriela Kapim e a cantora Solange Almeida (da banda Aviões do Forró) que irá falar como faz para conciliar a agenda de shows com a rotina de ser mãe de quatro.  Temas como educação, nutrição/obesidade, amamentação, cuidados com o bebê, vacinas, comportamento e cidadania também serão discutidos nas palestras e oficinas.
Outra novidade será a Arena Festas, que contará com uma verdadeira festa infantil ao vivo montada por fornecedores e parceiros todos juntos. Uma forma diferente do público conhecer os produtos dos mais diversos expositores.

Lojistas farão exposição de produtos com preços diferenciados e últimos lançamentos para gestantes, bebês e crianças. Numa área enorme de 2.000 metros e com 10 dias de atrações, pais, mães, avós, tios e toda a família terão muitos motivos para aparecer por lá.
As famílias encontrarão num só lugar as últimas novidades e oportunidades do mundo materno. Muita diversão, cultura e entretenimento para todas as idades, com grandes atrações.
Marca na agenda as datas deste evento!
A entrada do evento será gratuita, apenas algumas atrações serão pagas.  Os ingressos para as atrações, que serão pagas estão à venda no site: www.kidsemamas.com.br  e também no balcão de informações do Kids&Mamas, na Arena Iguatemi –  nova praça da alimentação.

CONFIRA ALGUMAS ATRAÇÕES:
1º DIA – SEXTA-FEIRA: 27 DE NOVEMBRO DE 2015
*SUPERNNANY – Cris Poli: A Arte de Educar com Amor e Limites – às 18:30 (Paga)

28 DE NOVEMBRO DE 2015
*EXPERIÊNCIAS MATERNAS - BATE PAPO COM BLOGUEIRAS
Com a jornalista Carol Bedê (Blog iMãe )
Iusta Caminha (Blog Folga da Babá), 
Marília Teófilo (Blog Maternidade Feliz),
Natália Teixeira (Blog Mamãe 2.0) e
Raisa Arruda (Blog Reflorescer).
Às 15:20  / Gratuito.

* MUSICAL CARROSSEL - com a Cia Mix da Alegria. Horário: 19:00 (entrada paga).

29 DE NOVEMBRO
* HERÓIS – O ESPETÁCULO -
com a Cia Mix da Alegria. Horário: 19 horas (entrada paga).

30  DE NOVEMBRO
*O DESAFIO DE SER MÃE E CONCILIAR AGENDA  -
SOLANGE ALMEIDA – Cantora da banda Aviões do Forró e mãe de 4. Das 18:30 às 19:30 (Palestra paga).
02 DE DEZEMBRO
*ALIMENTAÇÃO CONSCIENTE
 - GABRIELA KAPIM – Apresentadora do programa “Socorro! Meu filho come mal!”. Canal GNT. Horário: 18 horas,  (palestra paga).
05 DE DEZEMBRO
*O NATAL DAS PRINCESAS
-  com a Cia Mix da Alegria. Horário: 19 horas (Entrada paga)

06 DE DEZEMBRO
*O NATAL DO FROZEN
– com a Cia Mix da Alegria. Horário: 19 horas (Entrada paga).

*A academia infantil Little Gym estará presente no Kids&Mamas.

VEJA MAIS SOBRE A PROGRAMAÇÃO NO SITE www.kidsemamas.com.br 
e acompanhe no instagram @kidsemamas.


 

sábado, 14 de novembro de 2015

Ninguém sabe de onde a bala vem.


Novembro começou ruim. Com o pé esquerdo, chinela emborcada e punho da rede torcido.

Quando vemos gente criticando gente até pela reza que faz, sabemos que a coisa não vai bem. Se uns rezam por Paris, outros por Messejana, por Mariana e outros ainda pela filha Ana, é assim que deve ser. O problema é que temos muito pelo que rezar. É muita desgraça e a reza se espalha.

Ontem me deu vontade de fazer tudo o que os especialistas em educação NÃO recomendam.  Tive vontade de superproteger, de cantar as cantigas populares da forma politicamente correta na qual ninguém atira o pau no gato.
O caçador não mataria o lobo e este nem seria tão mau assim. Na verdade, só estava com fome.
A madrasta da Cinderela a levaria para o baile e ficaria orgulhosa em vê-la dançando com o príncipe.
Tudo assim certinho.
Criar um mundo bolha, com árvores nos canteiros centrais das ruas e Praça Portugal para trocar figurinhas do álbum da copa. Copa organizada por uma entidade a qual pudéssemos aplaudir e aberta com um discurso da presidente que não teria motivos para ser vaiada.

Eita mundinho bom esse que criei enquanto meu menino dormia em meu colo e a televisão mostrava Brasil e Argentina e as noticias de Paris.

Nós somos intransigentes até quando queremos fazer o bem e a coisa que julgamos certa. Somos péssimos em promover o aleitamento materno e o parto vaginal por que queimamos em praça pública aqueles que não os praticam.

Dá vontade de dar Mc Donalds pros meus filhos só para afrontar o olhar julgador de ódio de mães que advogam uma alimentação saudável. Eu também valorizo uma alimentação saudável mas não fico olhando para o prato alheio a menos que me peçam opinião.

Na quarta-feira Fortaleza apagou. Vários bairros ficaram sem energia por pouco mais de uma hora. Eu fiquei presa em um trânsito infernal tentando ir ao centro da cidade. Mas continuei minha saga com paciência até ser agredida verbalmente por um rapaz. Conto mais um episódio de intolerância e cegueira absoluta dos que pregam a coisa certa: Eu estava na rua Costa Barros tentando cruzar a avenida Barão de Studart, tarefa nada fácil quando os sinais estão apagados. Fui devagar tentando achar uma brecha para passar com segurança. Nessa empreitada, meu carro ocupou metade da faixa de pedestres. O rapaz que vinha na calçada e queria atravessar a rua começou a gritar comigo reclamando que eu havia desrespeitado a faixa. Abri o vidro e disso: Calma, desculpe, é uma situação especial, olhe, o sinal está apagado, estou tentando passar. O rapaz nem olhou o sinal e disse em alto e bom tom: A senhora está ERRADA! E EU, como vou atravessar?

O rapaz de vinte e poucos anos que muito provavelmente tem ideias legais, que tenta fazer a coisa certa e não fura fila ou suborna o policial é INTOLERANTE. A sua retidão de conduta não o deixa olhar para os lados. E aí, resta pouca esperança.
Vamos combinar uma coisa nestes dias tristes? Cada um reza a reza que quiser.
Uma vida perdida para o absurdo vale uma reza, vale mil rezas. Não importa onde a morte ocorreu.

Tolerância, cadê tu?

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Fazenda do vovô


Cadê esse menino que não vem tomar o suco? Mal acorda e se mete no mato de pijama e chinela sem medo de susto. Esse mato tem bicho, tem cobra e é sujo!
E agora... Passei uma hora tirando pega-pinto do pijama do menino.

Lá se vai o menino , agora de pé descalço, só de short no corpo e baladeira na mão. Vai acertar o alvo feito no meio do mato com urucum e carvão.
Passei duas horas tirando pega-pinto do pijama e lavando o encardido da mão do menino. 

Passa pela jurema, pisa no espinho, não vê o azulejo rachado. Esse menino parece de ferro mas, depois da brincadeira, volta todo ralado.
Passei três horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão e limpando as feridas do menino.

Carneiro morto, almoço posto e esse menino não aparece para encher a barriga. O que é que custa pisar em casa e evitar uma briga?
Passei quatro horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas e requentando o almoço do menino.

Foi-se de sunga tomar banho de lagoa, sol alto certeiro no meio do céu. Cadê esse menino que não se cuida e não leva nem um chapéu?
Passei cinco horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço e passando protetor no rosto do menino.

Mal a tarde cai e o menino já pega a bicicleta. Na areia frouxa, no chão pesado. Grito perdendo de vista o menino que foge sem escutar o alerta.
Passei seis horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando protetor no rosto e lavando a raladura no joelho do menino.
 
Quando penso que se aquieta, menino pega a bola. Do pai faz adversário e improvisa a trave com a chinela. Do irmão faz gandula e a mãe torcedora se esgoela.
Passei sete horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando protetor no rosto, lavando a raladura no joelho e gritando o nome do menino.

O sol já não faz luz quando o menino vai pra bica, lá mesmo se lava com shampoo e sabonete. Vem manso trocar de roupa e pedir mais band-aid.
Passei oito horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando protetor no rosto, lavando a raladura no joelho, gritando o nome e cuidando do menino.

Já noite o menino desenha estórias. Com lápis e imaginação faz quadrinhos retratando o dia. Teve muita cor e diversão; aventura e alegria.
Passei nove horas tirando pega-pinto do pijama, lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando protetor no rosto, lavando a raladura no joelho, gritando o nome, cuidando e observando o menino.

Agora já cansado o menino se aninha. Vem pro colo, pede livro, pede estória e se desliga.
Passei 10 horas... Sendo mãe de um menino feliz na fazenda do avô. 

Vou dormir e esperar o galo cantar.

sábado, 17 de outubro de 2015

A grama do vizinho


Às vezes a grama do vizinho é realmente mais verde. Ponto.

Notei isso há alguns dias e só agora parei para escrever. Escrevo como quem rumina o tema na tentativa de digeri-lo melhor.

Ocorre que o vizinho tomou decisões mais acertadas que as minhas, dedicou-se mais que eu ou simplesmente o filho dele é canceriano e o meu é sagitariano, isto é, eles são diferentes!

Nesse mundo de disputas por quem “materna” melhor, ver o que vi foi como um tapa na cara, uma nota vermelha no meu boletim. Vi uma cena quase inimaginável.

Conto agora: um menininho nos seus 4 anos, acompanhado da babá, espera ansioso o irmão mais velho na saída do colégio. O sino toca e o irmão, de mais ou menos 7 anos, é um dos primeiros a sair. Os dois se abraçam, conversam e trocam brincadeiras e carinhos. Contam um ao outro o que de melhor ocorreu na manhã e fazem planos para a tarde.

Não acham nada demais? Eu achei fantástico. Um acontecimento que como mãe de dois meninos, 5 e 7, acho que nunca vi. Vou descrever o que aconteceu com os meus meninos no mesmo dia. Acho que assim vocês entenderão melhor o meu espanto.

Eu cheguei ao colégio do André e esperei o sino tocar. Ele foi um dos últimos a sair e quando me viu fez cara de decepção pois queria ficar brincando ( ainda mais) com os amigos. Saímos e ele me revelou, a preço de ouro, alguns detalhes de sua manhã. Fomos pegar o Igor na escola vizinha e não demorou muito para as brigas, disputas e desavenças começarem.

É tão cansativo ver os meninos brigando o tempo todo, quanto é prazeroso vê-los brincando juntos. O problema é que a primeira situação é bem mais frequente hoje em dia. Leandro e Leonardo descreveram bem a situação: entre tapas e beijos....

Não tenho dúvidas de que eles carregam uma estima enorme um pelo outro, mas certamente carecem de maturidade para aceitar as diferenças que existem entre eles.

Como mãe, faço um exercício diário para escolher corretamente que batalhas vou lutar. Essa é uma que agarro com unhas e dentes e não abro mão: respeito e companheirismo entre os meus meninos. Mas tenho apanhado bastante da rotina diária e o placar aponta larga vantagem para o adversário.

Conformo-me um pouco ao lembrar da minha infância de tormento. Eu e minha irmã éramos feito gato e rato, porém na hora do pega pra capar ela estava sempre ao meu lado e aqui permanece até hoje. Essa seria a minha “luz do fim do túnel”. No final, tudo se ajeitara.
Me apego também à máxima da infância que diz que tudo passa, que tudo é só uma fase... Que assim seja. Daqui há uns meses escreverei um post falando da harmonia entre os irmãos André e Igor. Como já escrevi no passado sobre o companheirismo entre os dois, acredito realmente que a fraternidade desenvolve-se em ciclos, revisitando a cada volta o companheirismo e a individualidade até atingir um equilíbrio bacana.

Por enquanto vou achando lindo irmãos se encontrando na porta da escola e se abraçando como vi outro dia. E vou aplaudindo os pais deles que nem conheço mas sei que o que estão fazendo está dando certo. Esse é outro exercício que faço: aplaudir e dar mérito a outras mães.  Hoje em dia esse é exercício é pouco praticado e a ciumeira anda solta como se estivéssemos em uma constante disputa e ao final existisse um troféu de melhor mãe. Para mim, troféu de mãe é ter um filho feliz e isso depende muito pouco da grama do vizinho.  

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Só eu e ele.


Eu não sinto falta do tempo em que éramos só nós e o André. Igor nasceu para completar nossa família e, sem falsa modéstia, para adicionar uma boa dose de beleza no quarteto familiar. E doçura. E carinho. E espirituosidade.

Do que eu sinto falta mesmo é de estar só com o André. De fazer um programa só meu e dele. Sinto falta de vê-lo com mais clareza, sem ter a poeira que o irmão levanta embaçando meu olhar.  Queria senti-lo, conhecer suas escolhas tomadas independentes das do irmão.

Sei que ele modificaria suas escolhas ou por birra e implicância, ou por companheirismo e empatia com o irmão. Não quero a mudança, quero o que é genuinamente dele.

Tenho uma péssima impressão de distanciamento. Do pouco tempo que temos juntos a sós, mendigo uma conversa mais reveladora. A competição com os livros e com os vídeos de futebol no youtube é acirrada. Não me dou por vencida sem lutar, mas na luta me desgasto.

No fundo vejo que ele sou eu. Quieto, revive seus dias para si. Os fatos e sentimentos que experimenta são digeridos por ele mesmo. Só fala o necessário, o que não chega nem perto do tanto que eu desejaria ouvir.

Apenas em uma única ocasião precisei usar um fórceps para retirar um bebê que resistia em nascer durante meu treinamento no curso médico. Agora, em outra escola, uso fórceps todos os dias para arrancar do André as impressões que ele colhe em suas horas.

Todos os dias estamos juntos, almoçamos os 3 e jantamos os quatro. Mas mesmo assim tenho saudades dele. Meio constrangido ele recebe meus abraços exagerados. Aguenta por alguns poucos minutos e sai dizendo um “eu te amo” displicente porém sincero.

Quero um tempo só nós dois para que ele possa falar com detalhes do treino de futsal, informar-me dos recados que vieram na agenda escolar e falar das peculiaridades de cada colega da sala. Quero ter tempo para ouvir aquilo que só a mim ele contaria.

São só dois meninos que tenho e o bom mesmo é estarmos os quatro embolados. Mas quero um tempo só com cada um para poder sentir o cheiro do cabelo deles. Quero ouvir, com todos os sentidos, o que cada um tem a me dizer. Quero esbanjar atenção a um deles vez por outra.

Queria marcar um encontro com o André. Só eu e ele.
Iríamos de bicicleta a alguma praça, falaríamos de e com alguns passantes, tomaríamos um sorvete, comentaríamos o clima... E por sorte ele me revelaria qual a menina mais bonita da escola.

sábado, 12 de setembro de 2015

Declaração de amor ( e orgulho)


Mais de 3000 atletas por uma mesma causa
Hoje, como em todas as noites, contei uma história para os meninos. Como eles dizem, tem que ser uma história inventada. Clássicos como Os 3 porquinhos ou João e Maria não valem. Princesas então, nem pensar...

Porém hoje foi uma noite especial. A história que contei não foi inventada e sim recontada. Uma história sem fim, porém com vários recomeços. A história de hoje foi a história da vida do papai.

A historinha começou assim...

“Vocês lembram de quando o papai estava careca? Lembram que ele ficou muito doente?”

E daí para frente vi os olhinhos dos meninos atentos. Olhar curioso de quem quer logo saber o final da história. Mas essa história não tem final, ela ainda está sendo criada dia a dia, escrita pela autor com cuidado e carinho.

Continuei...

“O papai teve um tipo de câncer, chamado de linfoma...”

Havia explicado o que era câncer aos meninos. Não na época da doença do Fábio e sim quando fomos doar revistinhas em quadrinhos para as crianças do Projeto Peter Pan no Hospital Albert Sabin. Isso não faz muito tempo. Nessa ocasião eles entenderam que se tratava de uma doença grave, porém curável, e que esperança, apoio e tratamento adequado eram as principais armas contra o câncer.

E a história foi sendo contada...

“O papai tomou remédio e recebeu muito carinho. A gente cuidou dele e ele ficou bom!”

Isso já faz 3 anos. Por que recontar essa história hoje?

É que gostaria de compartilhar com os meninos o orgulho que sinto do pai deles. Queria recontar a história para que eles também pudessem sentir o que sinto. Para que eles dormissem pensando no pai. No pai que é um exemplo de determinação.

Queria que eles ficassem felizes e gratos. Que comemorassem a cura, a reviravolta da vida. Queria, do fundo do meu coração, dizer a eles que eu amo o Fábio e que agradeço sempre por todos os dias que o tenho ao meu lado.

Contei a eles que o papai, amanhã, terá mais uma vitória, mesmo antes de cruzar a linha de chegada.  Falei que Fábio carregará no peito a palavra “Survivor” e vai nadar, pedalar e correr como um sobrevivente. Como quem já venceu um dragão.

“O papai é um atleta, é um exemplo e é um vencedor.”
Falei isso e dei um beijo em cada um. Um beijo demorado de boa noite.

Saí do quarto pensando nas partes da história que omiti. Na angústia e no sofrimento vividos. No medo infinito de perder o Fábio. No dia do diagnóstico, do qual lembro detalhes que preferia esquecer. Sobre isso não vale a pena contar, mas vale a lembrança para não esquecermos de dar valor aos dias vividos.

E para quem quiser torcer junto, amanhã às 7 da manhã meu amor estará entrando no Potomac river para iniciar o Nation’s Triathlon em benefício da Sociedade Americana de Leucemia e linfoma. Para o website do evento, clique aqui