Cadê esse menino que não vem tomar o suco? Mal acorda
e se mete no mato de pijama e chinela sem medo de susto. Esse mato tem bicho,
tem cobra e é sujo!
E agora... Passei uma hora tirando pega-pinto do
pijama do menino.
Lá se vai o menino , agora de pé descalço, só de short
no corpo e baladeira na mão. Vai acertar o alvo feito no meio do mato com
urucum e carvão.
Passei duas horas tirando pega-pinto do pijama e
lavando o encardido da mão do menino.
Passa pela jurema, pisa no espinho, não vê o azulejo
rachado. Esse menino parece de ferro mas, depois da brincadeira, volta todo
ralado.
Passei três horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão e limpando as feridas do menino.
Carneiro morto, almoço posto e esse menino não aparece
para encher a barriga. O que é que custa pisar em casa e evitar uma briga?
Passei quatro horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão, limpando as feridas e requentando o almoço do
menino.
Foi-se de sunga tomar banho de lagoa, sol alto
certeiro no meio do céu. Cadê esse menino que não se cuida e não leva nem um
chapéu?
Passei cinco horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço e
passando protetor no rosto do menino.
Mal a tarde cai e o menino já pega a bicicleta. Na
areia frouxa, no chão pesado. Grito perdendo de vista o menino que foge sem
escutar o alerta.
Passei seis horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando
protetor no rosto e lavando a raladura no joelho do menino.
Quando penso que se aquieta, menino pega a bola. Do
pai faz adversário e improvisa a trave com a chinela. Do irmão faz gandula e a
mãe torcedora se esgoela.
Passei sete horas tirando pega-pinto do pijama, lavando
o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando
protetor no rosto, lavando a raladura no joelho e gritando o nome do menino.
O sol já não faz luz quando o menino vai pra bica, lá
mesmo se lava com shampoo e sabonete. Vem manso trocar de roupa e pedir mais
band-aid.
Passei oito horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando
protetor no rosto, lavando a raladura no joelho, gritando o nome e cuidando do
menino.
Já noite o menino desenha estórias. Com lápis e
imaginação faz quadrinhos retratando o dia. Teve muita cor e diversão; aventura
e alegria.
Passei nove horas tirando pega-pinto do pijama,
lavando o encardido da mão, limpando as feridas, requentando o almoço, passando
protetor no rosto, lavando a raladura no joelho, gritando o nome, cuidando e
observando o menino.
Agora já cansado o menino se aninha. Vem pro colo,
pede livro, pede estória e se desliga.
Passei 10 horas... Sendo mãe de um menino feliz na
fazenda do avô.
Vou dormir e esperar o galo cantar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário