Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 31 de maio de 2015

Todo mundo tem uma história pra contar: texto vencedor!

Parabéns ao Márcio Silveira, ganhador do concurso de histórias do Folga da Babá!

Ele vai ganhar uma presentinho do Folga da babá ( uma sacola ecológica do blog) e ainda pode presentear quem quiser com uma hidratação, escova e mão no salão Meu Camarim. 

Com um texto bem legal ( e muito sincero) representou bem a dificuldade e o cotidiano da maternidade e da paternidade: dar o exemplo.  
E quem não deu uma escapulida na frente do filho?  Mas já que é pra falar mal de Argentino, a transgressão está perdoada! ;-)

Aí vai o texto vencedor:

Seja a mudança que você quer no mundo...ou pelo menos tente
Rio de Janeiro, Segunda-feira, 14 de Julho de 2014 (Júlia: 6 anos e 5 meses)

Para viver em harmonia com quem nos cerca é preciso saber aceitar as diferenças, perdoar, não guardar rancores e valorizar o que nos une. Num mundo onde as pessoas se debatem com ódio até por coisas banais, só conseguiremos que isso mude se hoje dermos o exemplo aos nossos filhos. Respeitar o próximo, independentemente da cor da pele, nacionalidade, religião, preferência sexual e posição política, como se realmente fôssemos irmãos, é uma utopia antiga, mas que deveríamos todos perseguir. Porém agir desta forma não é tão fácil quanto falar.
Nossos hermanos chegaram cedo para a Copa e se colocaram bem à vontade no Rio de Janeiro. Mesmo com os preços estratosféricos e a crise na Argentina, eles mostraram que aprenderam alguma coisa com os anfitriões e deram o seu “jeitinho” para desfrutar de uma hospedagem barata com vista para o mar de Copacabana. Estacionaram seus carros ao longo da avenida Atlântica, fazendo lá a sua casa. Mas não despertaram muita simpatia. “São uns miseráveis!”, reclamou o garçom do Zig-Zag, o boteco que frequento, ao lado da praça General Osório, “não consomem nada, reclamam na hora de pagar a conta e são arrogantes”. Já estavam quase formando um assentamento quando a prefeitura os levou para acamparem com mais conforto e segurança num espaço destinado a eventos durante o carnaval, o Terreirão do Samba.
Alguns dias depois, voltando do trabalho para assistir o Brasil ser goleado pela Alemanha, eu passei pela segunda “ocupação” deles, no Sambódromo. Eram tantos que o governo já devia estar pensando em instalar uma UPP por lá. Somos hospitaleiros com os visitantes, mas estar no meio de um engarrafamento, sendo obrigado ver dois garotões argentinos fazendo gestos ofensivos e cantando suas musiquinhas debochadas para os brasileiros que estavam no ônibus, foi demais para mim. Não sou tão evoluído para não me irritar.
A situação tomou contornos trágicos quando, no dia seguinte, eles venceram a Holanda e a possibilidade de serem campeões ficou mais próxima. Gastar uma fortuna com esta Copa, para ainda por cima eles ganharem e ficarem o resto da vida zombando da gente!? E, para completar o quadro de terror, a Júlia, do alto dos seus 6 anos, declarou-se torcedora da Argentina na final. “Não pode!”, proibiu a Kaká, “eles são nossos inimigos”. Ciente da importância de darmos bom exemplo, eu protestei, “É só futebol! Mesmo não querendo que eles ganhem, não vamos criar nela esta animosidade por outro país por causa de esporte.”
Não adiantou. Kaká ainda titubeou, mas na primeira oportunidade voltou a tentar influenciar nossa filha, “Os argentinos chamaram a gente de macaquitos, filha!”. Eu ainda argumentei que não são todos e tem gente preconceituosa em todo lugar. Mas nem precisava, ainda livre dos preconceitos, a menina tomou a ofensa como um elogio, “Ah, macaquinho é tão fofinho!”
No sábado, tudo ficou ainda pior. Mesmo dentro de casa, conseguíamos ouvir os argentinos cantando suas musiquinhas provocativas na lanchonete do outro lado da rua. Minha filha, vendo a mãe na torcida contrária, ainda argumentava em favor da fraternidade sul-americana, “os argentinos são seres vivos, como a gente!” (não sei como ela classifica os alemães).
O prenúncio do inferno foi no início da tarde de domingo. Chegavam hordas deles, cantando provocativamente na entrada do metrô, ao lado do nosso prédio. Foi aí que eu decidi que ia deixar para dar bom exemplo outro dia. Por mim, durante o jogo, eu bloqueava a saída da estação com as latas de lixo, me entrincheirava no alto do prédio e quando eles voltassem da final cantando, jogava o que pudesse lá de cima, “Vão frescar lá na terra de vocês!”. Só não o fiz porque tive medo de a polícia pensar que eu estava protestando contra a Copa e me mandar para o presídio de Bangu.
Saímos, então, para assistir o jogo na rua, num clima de “#somostodosalemães”.Vendo o apoio popular à Alemanha, Júlia virou a casaca, mas confessou que tinha um pressentimento que a Argentina ia ganhar. E quando seu palpite felizmente se mostrou errado, ela comemorou como uma alemãzinha.
Voltamos para casa com a alma lavada depois de passear pelas ruas para ver se ainda havia algum gaiato argentino cantando música de deboche. Só então pude finalmente ensinar à minha filha a importância da união com o próximo: Fui para a janela da sala me unir aos vizinhos de prédio que do alto estavam tirando sarro dos argentinos que passavam pela rua. Não estou orgulhoso, mas é como eu disse, agir não é tão fácil quanto falar.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Eu vou contar uma histórias agora, atenção..."

Ou: Mar de histórias.

Tem um mundo de coisas acontecendo o tempo todo. Porém,  precisamos parar um pouco para percebê-las. No turbilhão da vida atropelamos as histórias alheias e nem nos damos conta de escutá-las.  Mas hoje eu escutei as histórias a mim contadas. Cheguei a absorver parte do sofrimento da voz embargada e a sentir as alegrias vividas.

É bom escutar histórias. Se a nós não trouxer nenhum ensinamento, pelo menos para quem contou traz satisfação. Hoje eu escutei e me emocionei. Também aprendi coisas novas e relembrei que a vida prega peças e é, antes de tudo, efêmera.

Sentada tomando um suco de laranja em padaria na correria da manhã, consenti que sentasse ao meu lado uma senhora. Foi quando comecei a escutar...

Escutei e aprendi que existe um povoado chamado Mal Cozinhado. Fica no município de Horizonte. Lá foi construída uma escola com ajuda da iniciativa privada. O prefeito colocou-a para funcionar e a Sociedade Amigas do Livro (SAL) montou uma linda biblioteca.

Aproveitei para descobrir que a SAL existe há mais de 50 anos. É formada por um grupo de mulheres que promovem ações que valorizam a cultura e a leitura. Já montaram muitas bibliotecas pelo Ceará, favorecendo centenas de adultos e crianças que normalmente teriam acesso restrito a livros.

E por falar em levar livros a quem precisa... Lá na escola de Mal Cozinhado, a prefeitura contratou um bibliotecário.  Um senhor morador da região, bibliotecário já aposentado mas que nunca deixou de espalhar livros e cultura por aí. Levava seu baú cheio de livros na garupa da bicicleta e distribuía nas casas do povoado. Gente que não tinha água encanada nem certeza de inverno, mas tinha livros.

Em agradecimento a conversa, dei um exemplar do cordel “O dotô e o caroço” que meu marido escreveu contando sua história durante a luta contra o linfoma. Ela solidarizou-se e entristeceu. Ajeitei-me na cadeira e fiquei atenta para mais uma história que viria.

Eram mais de 50 anos de casado dos quais ela falava com muito carinho. Porém o marido já vinha há algum tempo apresentando limitações físicas decorrentes de um AVC. Tentavam tirar de letra. Sessões de fisioterapia frequentes, contato próximo com os amigos e uma esposa dedicada eram remédios eficazes. Mas como eu disse antes, a vida prega peças. O marido dessa senhora cheia de histórias para contar tinha recebido recentemente diagnóstico de demência. A rotina da casa estava virando de pernas pro ar.

Essa história caiu pesada em meus ombros. Mas, de alguma forma, ouvi-la pareceu aliviar o sofrimento de minha mais nova amiga.  Foi então que ela sugeriu: vamos comer um bolo?
Meu ar desconfiado a fez explicar a proposta inusitada. Ela contou-me (mais uma história) que quando era criança e algo de ruim acontecia, sua avó a consolava oferecendo com carinho um pedaço de bolo e um pouco de café. Desde então, o bolo é terapêutico.

Escutei e agora conto para vocês essas histórias. Estou ansiosa para descobrir mais sobre o bibliotecário de Mal Cozinhado e contar aos meus filhos sobre o baú de livros na garupa da bicicleta. Contarei também que só soube desta história por que escutei, e saber escutar é uma qualidade que desenvolvemos e devemos cultivar.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Vocês me odeiam por isso?


Há alguns dias, recebi de uma grande amiga um artigo publicado no The Salt, blog sobre alimentação vinculado a NPR ( National Public Radio) americana.

Junto com o link para acessar o artigo, ela mandou um recadinho carinhoso incentivando-me a continuar fazendo os lanchinhos divertidos para os meninos. 

Ainda bem que minha amiga mostrou seu apoio, realmente ela sabia que eu precisaria, pois o que o artigo revelava era uma legião de pessoas contrarias e muitas vezes furiosas com os pais que faziam lanches divertidos para os filhos.

Por que tanta revolta contra um desenho do personagem favorito do filho feito em um guardanapo ou contra um melão cortado em forma de coração? Eles me parecem inofensivos...

Imaginei, antes de ler o artigo, que seria por alguma questão de educação alimentar. Que deveríamos incentivar as crianças a comerem lanches saudáveis pelos benefícios que trazem e não pelo fato de estarem postos no prato de forma divertida.

Até concordo, porém, mesmo pensando por esse lado, não via ainda o mal que poderia fazer colocar frutas e legumes de forma mais atraente para persuadir meu filho a come-las. Sempre imaginei que esta seria uma forma razoável de incentivo.

Parei de conjecturar e fui ler o texto. Entendi tudo! E fazia todo o sentido do mundo. A explicação vinha da forma não saudável com que muitos lidam com a maternidade. Em inglês usam o termo “Intensive Mothering” ou “Helicopter mother”. São mães que exercem a maternidade de forma bem intensa, tentando controlar todas as variáveis e influências na educação dos filhos.

Mães que fazem julgamentos, comparações e cobranças excessivas a si mesmas devem odiar um golfinho feito de uma banana. E sabem por que? Porque ela terá que fazer um também. Sob pena de ser uma mãe pior ou não espetacular o bastante. Infelizmente ela descobriu mais uma habilidade a qual não possui e terá urgentemente que aprender.

Fico imaginando uma lista de quesitos para ser uma boa mãe:
 
-       Ser amorosa
-       Dedicar parte do seu tempo aos filhos
-       Cortar melões em forma de coração para o lanche
-       Estar de bem com a vida
-       Fazer panquecas com carinhas divertidas para o jantar
-       Ser um bom exemplo para os filhos
-       Proporcionar acesso à atividades culturais
-       ...

Vamos lá. Acredito piamente que o fato de fazer lanches divertidos não faz de mim uma mãe melhor que ninguém. Apenas faz de mim: Uma mãe que faz lanches divertidos.  Da mesma forma que tem mães que contam bem piada, outras que tocam violão e ainda mães que contam histórias maravilhosamente bem.

Existem mães que fazem penteados lindos, outras ensinam a tarefa de forma divertida e atraente. Há mães que dedicam mais tempo aos filhos, outras fazem ótimo uso do pouco tempo que tem.

Cada um com suas habilidades e perspectivas.

E na verdade, fazer lanches divertidos faz bem pra mim. Muitos estão colorindo desenhos para desestressar, eu estou fazendo comidinhas divertidas. Alguns gritam no trânsito, fazem terapia, choram no banheiro, correm, cantam... Eu faço comidinhas divertidas!

Ficaria imensamente feliz de não ser odiada por isso.
Na verdade, seria extremamente gratificante saber que ajudei na rotina alimentar de alguma criança com as lanches que divulgo no instagram e no facebook do blog. Mas por hora,  já ficaria satisfeita em não ser hostilizada. 

Tenho que encerrar o post pois é hora do lanche!

Acesse aqui o artigo publicado no The salt. Até mais!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Todo mundo tem uma história pra contar...


Toda mãe/pai tem uma história para contar.
Uma não, várias historias variando em diversos gêneros: comédia, drama, romance...

Colecionamos histórias sobre maternidade desde a infância.
Eu, por exemplo, aos 7 anos, teria 3 filhas: Catarina, Elizabete e Beatriz. Hoje tenho dois meninos que não troco por nada: André e Igor. Minha tão sonhada menina com nome de rainha virou um rapaz louco por futebol.

Esse é apenas um exemplo de que essas histórias devem ser escritas olhando-se para o passado, recontando o que vivemos e nunca prevendo o que irá acontecer.

Aquele parto vaginal sem complicações pode virar uma cesariana de emergência. O quarto do bebe projetado com um berço pode ter que abrigar dois. Aquela viagem dos sonhos pode ser adiada pela notícia de uma gravidez. E aquela festinha de aniversário pode virar um animado banho de chuva...

Mas tudo, um dia, vira uma historia a ser contada. E quando a gente se volta para o passado, pousando sobre ele um novo olhar, é tão bom... Não só pela benesse de aprender com os erros, mas também para reviver emoções.  Os sentimentos parecem apurar na companhia da nostalgia.

André sempre me pede para contar o dia em que ele nasceu. Ri quando digo como ele nasceu grandão ( ele adora saber disso!). Chegamos a sentir juntos um ventinho gelado quando eu falo da nevasca que caia naquela noite. Enquanto recrio  o dia do seu nascimento, quase consigo acomoda-lo em meu colo novamente, como se meu menino de 7 anos voltasse no tempo levado pela história que escuta.

Contar histórias é muito bom!

O que o Folga da babá propõe é que você nos conte uma história sobre a maternidade/paternidade. Pode ser aquela que você repete em todo almoço de família ou aquela que você mantém guardada a sete chaves. Pode ser curtinha e bem humorada ou longa e emocionante.

Envie a sua história para nosso e-mail: folgadababa@gmail.com. As melhores histórias serão publicadas no blog e os autores ganharão um presente do Folga da babá. Participe e divulgue. Aceitaremos histórias até o dia 28 de maio e dia 30 a primeira já será postada no blog.
Boa sorte

domingo, 3 de maio de 2015

Desabafo


Caro Colégio Farias Brito,

Venho aqui expressar meu descontentamento com a solicitação a mim enviada pelo colégio na última quinta-feira, dia 30 de abril. No recado constava:

            “Senhores pais,
            No dia 09/05 (sábado), às 15h será nossa festa de homenagem ao Dia das Mães. O figurino de seu filho deverá ser confeccionado tendo como base o modelo ao lado.
            Meninos:
-       Blusa T-shirt branca com coração em tecido na mesma cor da bermuda.
-       Mochila nas costas.”

Imagino que o recado foi enviado na véspera do feriado para que tivéssemos mais tempo de digerir a informação. Porém, mesmo após três dias continuo achando descabida e desnecessária a solicitação feita.

O figurino deve ser confeccionado? Coração em tecido?

Tenho certeza de que a escola pretende fazer uma festa linda e uma homenagem bem bacana às mães de seus alunos. Porém, qual é o problema do coraçãozinho de cartolina pendurado no pescoço muitas vezes pintado e montado pelo próprio aluno?

Não me entendam mal. Acredito na parceria entre pais e escola. Gosto de me envolver nos projetos desenvolvidos e faço questão de apoia-los. Porém, para mim, essa solicitação foi descabida.

Esclareço também que tenho alguma habilidade manual, possuo agulha e linha em casa e até uma máquina de costura com a qual arrisco alguns projetos. Também tenho cola para tecido e alguns retalhos. Mesmo assim, com tudo a meu favor para atender a solicitação, achei absurdo o fato do colégio enviar tal recado.

Nos últimos anos, venho parabenizando sistematicamente o colégio Farias Brito pelo estilo adotado em seus eventos comemorativos. Extremamente pontuais e criteriosos com o horário, simples e valorizando a interação entre pais e filhos. Faço questão de ir às professoras e coordenadoras parabeniza-las pela evento, valorizando o trabalho feio com carinho e dedicação.

Acho que a solicitação de “confeccionar o figurino” do meu filho fugiu totalmente da tendência da escola em valorizar festas simples porém cheias de significado emocional. Tendência esta que muito me agradava.

Para mim, as comemorações do dia das mães na escola começaram mal. Gostaria de ser homenageada e não precisar me preocupar com coração em tecido da mesma cor do short. Preferiria ocupar meu tempo com meu filho desenhando e pintando um coração bem legal em um papel do que tentando estacionar na Casa Blanca para comprar 30cm de tecido.

Depois do desabafo...
Vou pegar os meus retalhos, achar o melhor tecido e cortar com cuidado um coração perfeito. Vou procurar uma linha da mesma cor e costurar caprichando no acabamento. Irei separar o short da cor do coração da blusa e arrumar meu menino bem bonito. Ele vai fazer sua homenagem, cantar e dançar para mim, e eu vou encher os olhos d’água.

O coração em tecido aplicado na blusa branca com o short combinando não vai ter feito a menor diferença naquele dia. Porém, vai me dar um trabalho desnecessário que eu não queria ter na semana anterior.

O que é que custa? Custa quase nada. Mas também não faz sentido algum. 
E eu nem falei da mochila nas costas...

Muitas vezes, menos é mais!