Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Barulhinho bom

Iguinho nos braços de Morfeu
Quando me mudei para o meu apartamento atual, minhas noites tornaram-se um inferno. O caminhão do lixo passa na minha rua as 11 da noite e as 3 da madrugada as segundas, quartas e sextas. Garis cantando música brega, apito de caminhão dando ré, abertura e fechamento de portões de ferro e cheirinho peculiar de caminhão de lixo. Tudo que eu precisava para uma noite perfeita! Pois bem, um ano e meio depois, durmo como um anjo. Parece até que o caminhão não passa mais na minha rua. A chave para uma noite tranquila vem da capacidade infindável do ser humano em adaptar-se a tudo, ao que é bom e ao que é ruim. Não fiz nenhum esforço especial, simplesmente e fisiologicamente, adaptei-me. Imagine vocês os bebês em vida intrauterina: baticum gostoso de coração de mãe, chiadinho envolvente do fluxo sanguíneo passando pelos grandes vasos e ruidinhos hidroaéreos intestinais para quebrar a monotonia. Tudo isso sem falar em todos os sons do lado de fora da barriga que em certo grau podem ser ouvidos por nossas miniaturas de bebês. Eu sei, eu sei... Vocês vão argumentar que o aparelho auditivo não está totalmente desenvolvido durante a via uterina para que os bebes sejam expostos a tantos sons. Para contra-argumentar, vou pedir ajuda dos universitários: (Texto de Vivian Amorim em sua tese de mestrado.)
"Sabemos que no quinto mês de gestação o feto já possui as estruturas do ouvido médio e do ouvido interno já formadas, sendo inclusive possível demonstrar suas funções cocleares; as fibras do nervo auditivo começam a se mielenizar durante o sexto mês de gestação. (Elliot 1964).
Klaus e Klaus 1989, afirmam que meses antes do nascimento o feto já é capaz de ouvir e até de destinguir diferentes tipos de sons, como por exemplo: vozes familiares e não familiares, altura, intensidade e até determinar de onde vem o som.
Bench citado por Down 1986, realizou uma pesquisa medindo o nível de pressão sonora que podia ser captado pelo ouvido do feto através do líquido aminiótico. Capitou-se o ruído de fundo de 72 dB, que correspondia ao batimento cardíaco da mãe. Portanto no nascimento a criança já foi exposta por pelo menos quatro meses a diferentes experiências auditivas, algumas delas com níveis de intensidade que pode até incomodar. (Downs, 1986).
Pesquisas realizadas por De Casper citado por Klaus 1989, demonstram que o recém nascido tem reações diferentes ao ouvir a voz de sua mãe e de outras mulheres, além de reconhecerem histórias e músicas ouvidas durante a gestação. O que mostra que o recém-nascido já tem experiências auditivas prévias e que é capaz de reconhece-las.
"
Convencidos? Ainda não? Qual a hora do dia em que seu bebê pinota mais dentro da sua barriga? Por experiência própria e por leitura de relatos afirmo que a grande maioria dos bebês fica bem quieta quando você está saracoteando por aí e resolve dar o ar da graça quando você deita para dormir ou simplesmente faz uma pausa para descanso. Por certo eles acordam indignados nesta hora e se perguntam por que parou o sacolejo que embalava seu sono e os barulhinhos que para ele pareciam cantigas de ninar. 
André capotado em sua primeira viagem EUA-Brasil com 7 meses.
Ao nascer, colocamos nossos bebês em quartos a prova de som, solicitamos as visitas que falem baixo para não acordá-los e evitamos ligar qualquer aparelho doméstico barulhento enquanto o bebê estiver dormindo. Na verdade, digo-lhes que aparelhos domésticos como aspiradores de pó, liquidificadores e secadores de cabelo podem ser seus grande aliados na hora de acalmar ou fazer dormir uma criança. Tanto é verdade que existem centenas de diferentes tipos de CD's com gravações do "barulhinho bom" ( white noise) que os bebes tanto amam para você lançar mão na hora do choro inconsolável do seu pequenino.
Já vi o um desses CD's em ação e realmente funciona, é quase instantânea a resposta do bebe ao ouvir um "white noise". Nós, mães e cuidadoras, lançamos mão de tal tática instintivamente ao trazermos nossos bebês para um abraço apertado e falarmos ao seu ouvido "chu, chu, chu..." na tenativa de acalmá-lo. Nada mais é do que nossa tentativa de simularmos o ruidinho intrauterino tão confortante para o recém-nascido. Bebê gosta de zuada, pasmem!
Que rufem os tambores, o bebê nasceu!


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