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Hoje,
como em todas as noites, contei uma história para os meninos. Como eles dizem,
tem que ser uma história inventada. Clássicos como Os 3 porquinhos ou João e
Maria não valem. Princesas então, nem pensar...
Porém
hoje foi uma noite especial. A história que contei não foi inventada e sim
recontada. Uma história sem fim, porém com vários recomeços. A história de hoje
foi a história da vida do papai.
A
historinha começou assim...
“Vocês
lembram de quando o papai estava careca? Lembram que ele ficou muito doente?”
E
daí para frente vi os olhinhos dos meninos atentos. Olhar curioso de quem quer
logo saber o final da história. Mas essa história não tem final, ela ainda está
sendo criada dia a dia, escrita pela autor com cuidado e carinho.
Continuei...
“O
papai teve um tipo de câncer, chamado de linfoma...”
Havia
explicado o que era câncer aos meninos. Não na época da doença do Fábio e sim
quando fomos doar revistinhas em quadrinhos para as crianças do Projeto Peter
Pan no Hospital Albert Sabin. Isso não faz muito tempo. Nessa ocasião eles
entenderam que se tratava de uma doença grave, porém curável, e que esperança,
apoio e tratamento adequado eram as principais armas contra o câncer.
E a
história foi sendo contada...
“O
papai tomou remédio e recebeu muito carinho. A gente cuidou dele e ele ficou
bom!”
É
que gostaria de compartilhar com os meninos o orgulho que sinto do pai deles.
Queria recontar a história para que eles também pudessem sentir o que sinto.
Para que eles dormissem pensando no pai. No pai que é um exemplo de
determinação.
Queria
que eles ficassem felizes e gratos. Que comemorassem a cura, a reviravolta da
vida. Queria, do fundo do meu coração, dizer a eles que eu amo o Fábio e que
agradeço sempre por todos os dias que o tenho ao meu lado.
Contei
a eles que o papai, amanhã, terá mais uma vitória, mesmo antes de cruzar a
linha de chegada. Falei que Fábio
carregará no peito a palavra “Survivor” e vai nadar, pedalar e correr como um
sobrevivente. Como quem já venceu um dragão.
Falei
isso e dei um beijo em cada um. Um beijo demorado de boa noite.
Saí
do quarto pensando nas partes da história que omiti. Na angústia e no sofrimento
vividos. No medo infinito de perder o Fábio. No dia do diagnóstico, do qual
lembro detalhes que preferia esquecer. Sobre isso não vale a pena contar, mas
vale a lembrança para não esquecermos de dar valor aos dias vividos.
E
para quem quiser torcer junto, amanhã às 7 da manhã meu amor estará entrando no
Potomac river para iniciar o Nation’s Triathlon em benefício da Sociedade
Americana de Leucemia e linfoma. Para o website do evento, clique aqui
Que emoção ler este texto ! Ela devia virar um livrinho tb ...um livrinho que traz esperança para quem passa pelo mesmo.... Muito orgulho desta linda familia!
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