Cama
de mãe parece farol para marinheiro. É alento e lugar seguro.
É
pra lá que os meninos correm quando tem medo, quando estão doentes ou quando
estão genuinamente tristes. E eu pacientemente os devolvo para seus lugares, em
suas camas. Converso um pouco, acaricio um pouco e dou mais um beijo de boa
noite.
Não
aderi à cama compartilhada e acho que fiz a escolha certa para a nossa família.
Aqui
temos regras para o uso consciente da cama da mãe. Não confisco nem sonego
carinho, apenas não compartilho minha cama com os meninos. Pelo menos não à
noite. As crianças já sabem que não é permitido dormir em nossa cama.
Aprenderam não sem muito esforço e persistência dos pais mas aprenderam.
Porém
existem noites especiais, claro. Regras existem para serem quebradas e essa
regra é muito gostosa de infringir. Uma dor de ouvido forte, um pesadelo
horripilante, saudade do pai que viaja... Esses são bons motivos que nos levam
a convidar os meninos para dormir conosco.
Mas sabe quando é legal mesmo? Quando não tem
motivo aparente, apenas a vontade de fazer daquela noite comum uma noite
especial. Adoro dar a notícia:
-
Meninos, hoje vamos dormir todos juntos no
quanto da mamãe e do papai!
Depois
disso é apurar os sentidos para curtir a festa que eles fazem.
A
noite em si é péssima. Durmo muito mal no espaço minúsculo que me resta na cama
e levo chutes a noite toda. Geralmente o pobre do Fábio é expulso e dorme na
rede. Mas gosto do despertar. Abrir os olhos e ver aqueles dois menininhos
ressonando ao lado. Isso é bom.
Depois
dessa noite, tento alinhar minha coluna novamente e voltar à rotina com os
meninos. Cada qual no seu canto, aguardando a próxima noite especial.
Se
as noites especiais são esporádicas, as manhãs especiais na cama da mamãe e do
papai são bem mais frequentes! Todo final de semana escuto os pezinhos dando
estalo seco no chão. Passinhos ligeiros com destino certo: a cama da mãe. Aí é
festa. Rolamos, bolamos, fazemos sanduiche de gente, cabaninha, muita
cosquinha, planejamos o dia, relembramos coisas legais...
Cama
de mãe e pai é assim. Ponto de encontro, ninho, lugar cheio de segurança. Lá os
monstros não ousam aparecer, os pesadelos somem, a febre baixa e a dor acalma. Cada
casa com suas regras e costumes. Cada família com sua rotina. Mas o encanto da
cama é o mesmo.
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