Menino que não come e menino que não dorme.
Tive a sorte de ter filhos que nunca deram trabalho para comer,
mas... Dormir nunca foi o forte do André, meu filho mais velho.
Passados 5 anos, eu e André já atravessamos várias fases, táticas,
desmames e adaptações. Saga que acredito também ser a história de muitas mães.
Quando o André nasceu, eu já estava conformada ( preparada,
assustada e catequisada) em não dormir mais de 3 horas seguidas, talvez pelo
resto da vida. Hoje sei que me preparei da forma fatalista, escutei os
conselhos errados e deixei de ler os livros certos. Mas também compreendo que
mesmo que tivesse feito tudo certinho, não teria sido fácil. Cada criança tem
seu jeitinho de encarar o mundo e de atravessar as etapas do desenvolvimento.
Amamentei até os 7 meses e durante esse período, toda vez que o
André acordava a noite, e eram muitas, eu dava o peito. Erro meu que prejudicou
meu menino. Criei vícios e costumes e depois, sofrimento e desgaste para
cura-los.
Da mama passei para as mamadeiras no meio da noite. Remendo mal
feito. A única diferença era que eu não sofria mais sozinha, meu marido entrava
na dança.
Encorajada por uma amiga, tirei tudo. André tinha pouco menos de 1
ano quando resolvi tentar dormir novamente. A primeira das muitas adaptações
pelas quais passamos foi a mais dolorosa. Meu menino sofreu profundamente o
desmame do vício e chorou. Chorou por colo, chorou pela mamadeira e eu chorei
junto com ele. Porém aos poucos André desistiu de chorar e dormiu. E nós
dormimos também, meio perplexos, meio aliviados.
Nossa primavera durou alguns meses. As otites intermináveis e
repetitivas próprias da idade interrompiam com frequência nossas noites de
sono. Quebrando a rotina estabelecida a muito custo. Mas progresso tinha sido
feito.
André seguiu acordando esporadicamente, algumas noites piores que
outras. Sem mais o berço para conter, André passou a ir ao nosso quarto durante
a noite, e nós, em uma peregrinação resignada, o conduzíamos de volta a sua
cama. Acho que nessa eu acertei, por maior que fosse o sono não desisti de
levar meu menino de volta a sua cama,
preservando pelo menos meu espaço.
O início das noites também eram desafiadores. Desde o nascimento do
André as mudanças de estratégia foram muitas. Já ficamos deitamos do lado,
cantamos canções, balançamos na rede e nos braços, já permitimos televisão,
limitamos horário e contamos estórias, muitas estórias. A cada mudança de
tática, uma nova adaptação, um novo sofrimento em busca de uma noite tranquila.
Quando eu dormia bem, sonhava com aquelas cenas de filme americano
onde o pai entra no quarto do filho, coloca-o na cama, dá um bichinho de
pelúcia, cobre-o com o cobertor, beija-o na testa, diz boa noite, e pronto. A
criança dorme, sem choro, sem estresse. Isso
só nos meus sonhos...
Pois é, mas como diz o poeta: Quem acredita sempre alcança. ;-) E
hoje tenho esse sonho bem próximo da minha realidade. Não sem choro ou
estresse, não sem esforço e perseverança. Passinhos pequenos, vencendo medos,
superando obstáculos.
Se o seu menino dorme bem, agradeça e cultive. Se não, persista,
tente criar bons hábitos desde bebê, esse é o segredo. Crianças que não dormem
bem ou o suficiente, são crianças estressadas, com menor rendimento na escola
e, claro, suas mães são do mesmo jeito, trocando apenas a escola pelo trabalho.
Digo com convicção que tudo valeu a pena.
Dormir é muito bom! E
necessário.
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