Há algum tempo não consigo fazer tudo que
planejo. Pior, não consigo nem chegar onde desejo, muito menos na hora marcada.
Como se não bastasse a vida ser corrida por
ela mesma, temos que nos deslocar desviando do trânsito movimentado ( quando
dá), desviando da mau educação e intolerância dos outros ( quando dá) e dos
pontos mais perigosos da cidade (quando dá).
Tenho pena de mim, perdendo tempo, o bom
humor e a paciência no trânsito de Fortaleza. Tenho mais pena dos meus filhos,
que pela idade, minutos parecem horas, bom humor vai-se fácil e paciência é
virtude rara.
Infelizmente é imprevisível o que
encontraremos pelo caminho. O mesmo percurso pode durar poucos minutos ou horas, a depender das mais variadas situações como apagões, obras, manifestações e
acidentes. Pior que isso, o trânsito pode estar ruim simplesmente por ser assim,
por ser Fortaleza, essa nossa cidade triste e desestruturada.
Lembro-me que quando nevava muito em
Washington, todos saíamos de nossos trabalhos mais cedo e íamos ao supermercado
comprar produtos de necessidade básica: leite, pão, lanterna, papel higiênico...
Tínhamos medo de não poder sair de casa por muito tempo.
Hoje, levo minha vida dentro do
porta-luvas. Aqui não neva, e nem precisa nevar para que fiquemos presos em
nossos carros mais tempo que o necessário, que o permitido, que o recomendado
para que tenhamos uma vida saudável.
Lenços humedecidos, biscoitos doces e salgados,
água, suco, revistinha em quadrinhos, CDs de música infantil, carregador de
celular... Tenho medo que meus filhos tenham fome, sede, tédio, sono, vontade
de ir ao banheiro... Tudo isso em um engarrafamento, depois de um dia
exaustivo.
Exagero?
Já saiu de casa hoje? Eu já. ( e com o porta-luvas cheio)
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