Ouço algumas amigas dizerem que sentem falta do tempo em que os
filhos eram pequenos. Eu não. Sempre respondo que quanto maior, melhor. Há mais
interação, mais conversas. Arrisco até dizer que há mais amor, pois esse amor
de hoje não depende do turbilhão hormonal e nem apoia-se em puro instinto
materno. É um amor construído e tem razão maior de ser.
Acho, no fundo, que muito da saudade que possamos sentir da época em
que nossos filhos eram pequenos, não faz referencia específica a idade dos
filhos e sim a suas dependências. Explico: quem não gosta de ser necessária?
Melhor, quem não gosta de ser necessária e suficiente? Uma mãe é tudo que um
bebê pode precisar e dela ele se mantem. A mãe de um bebê sente-se amada
incondicionalmente, doa a si próprio e tem a sensação de dever cumprido
dia-a-dia. É sempre correspondida e valorizada por aquela criaturinha indefesa.
Isso, ao final do dia, nos faz feliz e faz toda a diferença.
Quando nossos filhos crescem, não veem mais o mundo pelos nossos
olhos. Tampouco precisam de nós incondicionalmente. Não somos mais necessárias
e muito menos suficientes para aquela criaturinha cheia de ideias próprias do
mundo. Pequenos homens cheios de necessidades a serem satisfeitas. E essas
últimas, nós mães, não podemos contemplar. Que saudade eu tenho de ser absolutamente
necessária, ser amada sem filtros e sem julgamentos... É dessa saudade que eu
estou falando. E essa sim, eu sinto.
Você perde espaço para a turma de amigos. Seu filho terá outros
confidentes. Os beijos serão só para a namorada. Eles crescem e com eles a
distância entre nós, mães, e eles, os filhos. Falando assim parece um castigo,
um calvário pelo qual todas as mães tem que passar. Eu prefiro ver como
Poliana. Prefiro ver que aproveitei o tempo que passamos juntos para contribuir
com a formação de um menino bom. Menino que respeita os amigos e os faz com
facilidade, que seleciona bem seus confidentes e entre eles escolhe uma pessoa
para amar profundamente. Melhor pensar assim. Assim se acha remédio para a
saudade, seja cantando, como dizia o poeta, seja ruminando o gostinho de uma
educação vitoriosa. Pois se assim foi, ele sempre voltará com abraços e beijos
compartilhando os méritos e as vitórias.
De fato, com os filhos crescidos, não somos mais essenciais. Não para
garantir a sobrevivência ou existência. Mas estamos alí. E quem dirá que isso
não faz toda a diferença?
Ter saudade é normal. Porém, abraço e beijo de quem quer é bem
melhor do que o de quem precisa, não é? A frequência pode ser menor, mas o
significado é dobrado. E se sempre se diz que criamos os filhos para o mundo,
vamos lá, cultivar suas asas enquanto estamos juntos para que possam voar bem mais
alto depois.
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