Desde que li este
texto da SuperInteressante não parei de pensar nele. Já passei por várias
fases: concordância, conformismo, angustia, raiva, indignação, aceitação e
agora, definitivamente, resolvi levar do texto apenas aquilo que é leve e não
tira meu sono, ou seja, uma única frase: “... divirtir mais seus filhos”
Pais devem educar menos - e divertir mais seus filhos
Fatores
genéticos são mais decisivos no futuro das pessoas do que a criação dada em
casa. Em vez de dar lições de moral, é melhor relaxar e "aproveitar a
jornada"
por Bryan
Caplan*
Os pais
nunca se dedicaram tanto ao futuro dos filhos. Mães que trabalham fora destinam
o mesmo tempo aos rebentos que as donas de casa de 30 anos atrás (em média, 11
horas por semana), embora tenham menos filhos e contem com mais ajuda do
marido. Não que as crianças tenham mudado: os pais é que mudaram. Abrem mão do
sono e de hobbies para revisar o dever de casa, fazer sessões de leitura
noturna e pagar aulas de mandarim.
O resultado de tanto esforço é muito menor do que pensamos. Pesquisas com crianças adotadas indicam que a educação dos pais, o que eles ensinam aos filhos ao longo dos anos, quase não afeta seu futuro. Quando pequenas, elas se parecem bastante com a família adotiva e com os pais biológicos que não conheceram. À medida que crescem, há a reviravolta: a semelhança com os pais biológicos continua, mas a com os pais adotivos quase desaparece.
Pais gostam de achar que sua educação é decisiva para a inteligência dos rebentos. A preocupação é tão grande que há quem coloque CDs de Mozart para tocar durante a gravidez. Só que, a longo prazo, a criação tem um efeito mínimo sobre o QI dos filhos. Em 1975, o Colorado Adoption Project estudou 245 crianças adotadas, suas mães biológicas e adotivas. E comparou com 245 bebês que cresceram com pais biológicos. Aos 12 anos, os garotos que cresceram em lares de alto QI não eram mais inteligentes do que os demais. Os exames foram confirmados quatro anos depois. Estudos mostram que isso vale também para a longevidade e sucesso financeiro.
Claro que a criação exerce um impacto sobre os filhos. Mas a maior parte se restringe aos primeiros anos. À medida que os garotos crescem, a influência vai sumindo. Isso acontece até com os valores e hábitos que o casal tenta transmitir. Veja o caso da religião. Pais têm alto impacto sobre o rótulo religioso das crianças: se seus pais são católicos, imagino que você dirá que é católico também. Ok, mas aposto que eles tiveram pouca influência sobre o seu comportamento religioso. Você não vai à missa toda semana só porque seus pais vão. Se for filho biológico, é pouco provável que vá à missa como eles. Se for adotivo, é menos provável ainda.
Portanto, os pais têm razão ao pensar que estão dando um começo brilhante aos filhos. O erro é pensar que esse começo vai durar para sempre. O que devem fazer? Relaxar e curtir mais o tempo com os pequenos. Falo por experiência própria. Sou pai de um bebê e dois gêmeos idênticos de 8 anos. Imponho limites e disciplina, mas procuro me divertir com eles - inclusive com games e Simpsons.
Muita gente acha que as crianças são como a argila, que pode ser moldada para sempre. Na verdade, elas são como um plástico que responde à pressão - e retorna à forma original quando a força é liberada. Os pais devem parar de pensar que podem moldar seus filhos e apenas aproveitar a jornada.
* Bryan Caplan é economista da George Mason University e autor do livro Selfish Reasons to Have More Kids: Why Being a Great Parent Is Less Work and More Fun Than You Think (sem edição em português).
Os artigos aqui publicados não representam necessariamente a opinião da SUPER.
O resultado de tanto esforço é muito menor do que pensamos. Pesquisas com crianças adotadas indicam que a educação dos pais, o que eles ensinam aos filhos ao longo dos anos, quase não afeta seu futuro. Quando pequenas, elas se parecem bastante com a família adotiva e com os pais biológicos que não conheceram. À medida que crescem, há a reviravolta: a semelhança com os pais biológicos continua, mas a com os pais adotivos quase desaparece.
Pais gostam de achar que sua educação é decisiva para a inteligência dos rebentos. A preocupação é tão grande que há quem coloque CDs de Mozart para tocar durante a gravidez. Só que, a longo prazo, a criação tem um efeito mínimo sobre o QI dos filhos. Em 1975, o Colorado Adoption Project estudou 245 crianças adotadas, suas mães biológicas e adotivas. E comparou com 245 bebês que cresceram com pais biológicos. Aos 12 anos, os garotos que cresceram em lares de alto QI não eram mais inteligentes do que os demais. Os exames foram confirmados quatro anos depois. Estudos mostram que isso vale também para a longevidade e sucesso financeiro.
Claro que a criação exerce um impacto sobre os filhos. Mas a maior parte se restringe aos primeiros anos. À medida que os garotos crescem, a influência vai sumindo. Isso acontece até com os valores e hábitos que o casal tenta transmitir. Veja o caso da religião. Pais têm alto impacto sobre o rótulo religioso das crianças: se seus pais são católicos, imagino que você dirá que é católico também. Ok, mas aposto que eles tiveram pouca influência sobre o seu comportamento religioso. Você não vai à missa toda semana só porque seus pais vão. Se for filho biológico, é pouco provável que vá à missa como eles. Se for adotivo, é menos provável ainda.
Portanto, os pais têm razão ao pensar que estão dando um começo brilhante aos filhos. O erro é pensar que esse começo vai durar para sempre. O que devem fazer? Relaxar e curtir mais o tempo com os pequenos. Falo por experiência própria. Sou pai de um bebê e dois gêmeos idênticos de 8 anos. Imponho limites e disciplina, mas procuro me divertir com eles - inclusive com games e Simpsons.
Muita gente acha que as crianças são como a argila, que pode ser moldada para sempre. Na verdade, elas são como um plástico que responde à pressão - e retorna à forma original quando a força é liberada. Os pais devem parar de pensar que podem moldar seus filhos e apenas aproveitar a jornada.
* Bryan Caplan é economista da George Mason University e autor do livro Selfish Reasons to Have More Kids: Why Being a Great Parent Is Less Work and More Fun Than You Think (sem edição em português).
Os artigos aqui publicados não representam necessariamente a opinião da SUPER.
Algumas pequenas
considerações sobre o texto:
1.
Mesmo
que tudo seja preto no branco como o texto coloca, nunca havia lido uma coisa
tão fatalista em relação à educação na minha vida. Ao invés de gerar um sentimento bom em
dedicar mais tempo divertindo-se com os filhos, o texto gera uma angustia de
que tudo é em vão e só irão restar memórias do tempo bom quando os filhos crescerem.
2.
Há de
ter um jeito bem mais agradável de dizer: Não coloque seu filho em uma aula de
mandarim aos 3 anos de idade e nem preencha todos os seus horários livres com
atividades de aprendizado.
3.
Sou
professora de oncologia. Sei bem do poder, muitas vezes perverso, que nosso DNA
tem em mandar e desmandar em nosso corpo. Sei das doenças do corpo trazidas por
alterações do DNA, mas mesmo essas, mesmo os cânceres antes fatais, nós
aprendemos a curar. Agora vem alguém me dizer que A EDUCAÇÃO, o BOM EXEMPLO e a
BOA CONDUTA de uma família não interfere em quase nada na vida de uma criança?
Não cura ou ameniza a mediocridade?
Bem, prefiro acreditar no bom, no justo e
no honesto. Prefiro continuar pensando que tudo que faço hoje com meus meninos,
seja brincar no chão do quarto seja pagar uma escolinha de futebol, terá
influência no que ele será quando adulto.
Mensagem
ao autor:
Caro Bryan Caplan, não duvido ( de todo) de
suas palavras, não acho que foram ditas sem embasamento científico ou foram mal
escritas, simplesmente escolhi viver sem a informação que você nos traz no
texto. Na verdade, dele tiro apenas a mensagem de que diversão é fundamental
nas nossas vidas e na de nossas crianças.
Espero, de todo coração, que a combinação e o rearranjo aleatórios
ocorridos durante a formação do DNA de seus filhos tenha ocorrido para o bem e
que tracem destinos satisfatórios. Por enquanto, por aqui, vou investindo na “epigenética da educação”, arte de alterar a expressão gênica com bom
exemplo e dedicação materna sem precisar mudar as famigeradas letrinhas do DNA.
Também não concordo com o autor. Acredito que carinho, amor e dedicação são fatores preciosos para a criação de um adulto feliz. Isso é o mínimo que nós, como pais e mães, podemos ofertar aos nossos filhos.
ResponderExcluirComo uma ex estudante de genética, tb acredito na epilética da educação! Mas vamos curtir tb. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirEsses corretores automáticos me matam de vergonha.
Excluirkkkkkk É mesmo Ianna. A epigenética precisa de um anticonvulsivante kkkk
ExcluirVamos aproveitar o fato de que uma boa diversão também pode ensinar um monte de coisas boas, e agregar ainda mais a nossa suada e gostosa rotina de transmitir aos nossos pequenos boas lições e bons exemplos. Que Deus e a genética nos ajude! Obrigada Iusta por mais uma reflexão.
ResponderExcluir