Casa de amigo é assim.
A
gente entra devagarinho, pisando com carinho.
Meio
desconfiado mas muito animado. Passinhos curtos casa a dentro.
Aos
poucos distanciando-se da mãe e da velha rotina do dia.
Na
casa do amigo a gente não sabe se pode. Não sabe se deixam. Mas vai aos poucos fazendo o que quer. Logo
descobre onde fica a água de beber, o brinquedo favorito e alguém pra socorrer.
A
gente fica com um friozinho na barriga. Espiando cada cantinho com ar de
explorador. Dentro do guarda-roupa, atrás da cortina e embaixo da mesa. Olhando
pra cima e sonha com os brinquedos da ultima prateleira.
Na
casa do amigo, bebemos água pra espantar a fome e colocamos um olhar cumprido
para a despensa. A barriga ronca mas logo o barulhinho de talher na cozinha anuncia
o lanche.
A
casa do amigo sempre tem o melhor sanduiche de queijo e o melhor franguinho no
almoço. Também tem uns sucos esquisitos. Lá a gente raspa o prato para ser
educado.
Lá,
a gente brinca do que o amigo quer, do que a gente quer e do que a mãe dele
deixar. Mas nunca dá tempo de fazer tudo que gostaríamos. Por que o tempo
passa tão rápido aqui?
Um
dia eu ainda durmo na casa deste amigo...
Mas
a campainha toca. Os pezinhos calçam a chinela esquecida no canto da sala. Cabecinha
baixa com os olhos cheios de lágrimas. Um tchau discreto e encabulado para o
amigo. Parece que a maré encheu e derrubou o castelo feito de dia bom.
Passado
algum tempo...
A
campainha toca. Corremos para abrir a porta. É o amigo!
Animados
seguimos para o nosso quarto. O amigo vem atrás com passinho curto.
Dividimos
nossos melhores brinquedos e matamos a curiosidade dele mostrando todos os
cantinhos da casa.
Explicamos
as regras. Não pode jogar videogame a tarde toda e jogar bola na sala só se for
rasteirinha. E calma que já já a mamãe prepara um lanche gostoso.
Você
vai ficar até tarde não é?
Por
que você não dorme aqui?
...
Adoro
o vai e vem de menino. Às vezes mando os meus, muitas vezes recebo os dos
outros. Tem amigo de todo jeito, mas as descobertas são as mesmas e o dia é
igualmente especial. O melhor é que no final do dia a gente sempre tem algo
legal, um elogio que seja, para dizer para a mãe do amigo. E isso massageia o
ego, alimenta a alma e é tal qual um dia inteiro de brincadeira.
Bom restinho de carnaval para todos!
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