Eu
tenho a sorte de ter uma irmã.
Não
sei se durante a minha infância eu diria isso. Mas hoje digo.
Com
certeza naquela época eu não via muita vantagem em ter uma irmã. Talvez durante
os raros momentos em que brincávamos sem brigar... Talvez quando ela me
protegia de algo ou de alguém. Ou quando ela deixava que eu participasse da
conversa com as meninas mais velhas. Apenas nesses momentos, quem sabe... De
resto era muita briga, muita comparação e muita chateação.
Na
adolescência comecei a achar interessante o fato de ter uma irmã mais velha.
Facilitou bastante a minha vida. Comecei a ir para as festas bem mais cedo e a
conhecer os garotos mais interessantes da escola por intermédio da minha irmã.
Ela traduzia as músicas em inglês pra mim e deixava que eu a acompanhasse em
quase todos os programas que fazia com a sua turma.
Aos
poucos a diferença de dois anos e meio passou a ser irrelevante. As brigas
ficaram bestas e infrequentes. Mas não
nos unimos mais por causa disso. Éramos muito diferentes, não em valores, mas
em preferencias cotidianas. Enquanto eu jogava vôlei, ela lia. Enquanto eu
dançava lambada, ela escutava Pink Floyd.
André e Igor |
Crescemos.
Eu enraizada na Terrinha e ela correndo mundo a fora. “Ela fazia medicina e falava alemão e eu ainda nas aulinhas de inglês...”
Ela era Mônica, eu Eduardo. Ou quase isso. “E
mesmo com tudo diferente veio vindo de repente uma vontade de se ver...” Nós iniciamos a vida adulta e ficamos cada vez
mais próximas. Infelizmente não fisicamente, mas a gente se dava melhor. Talvez
entendesse e aceitasse melhor as diferenças. Admirávamo-nos mais.
O
fato é que os maiores aperreios da vida eu dividi com a minha irmã. As alegrias
dela são minhas também. Ela continua indo para a hípica, enquanto eu vou para
praia, mas não importa. Sei que ela está ali como sempre esteve. Hoje sei que é
tão bom ter uma irmã.
A
mesma sorte de ter uma irmã, eu tive ao ter dois filhos. A diferença é quase a
mesma, dois anos e meio. Eles se amam. Eles também brigam, implicam e batem um
no outro. Não poderia ser diferente, pelo menos não dentre as coisas que sei e
vivi. Não tenho dúvida de que são muito diferentes em personalidade, tal qual
eu e minha irmã. Tenho quase certeza que seguirão caminhos diferentes,
carreiras distintas. Mas não importa. Eles são irmãos.
Ontem,
a tarefa de casa do Igor perguntava: Se você quisesse ser igual a alguém, quem
você escolheria? Ele pensou e disse: Queria ser igual ao Dedé.
Como
assim? E o Super homem, o Homem aranha, o Phineas, o Ash?
Ele
queria ser igual ao irmão. Eu perguntei o porquê mas ele não respondeu.
Não
precisava responder, não é mesmo?
Abraços
fraternos a todos.
PS. Sorte
das amizades que são fraternas. Há amigos que cabem direitinho neste post também.
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