Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Por que prefiro crianças.


Ou: Monstros esticadores de menino

Eu sempre disse:
Filhos, quanto maior melhor.

Enquanto a maioria das minhas amigas falava com saudosismo da época em que os filhos eram bebes, eu retorcia o nariz. Gosto de bebês. Amamentar foi uma das experiências mais gratificantes que tive na vida e cuidar de um recém-nascido o maior exercício de autoconfiança e responsabilidade. Eles são lindos e nos amam incondicionalmente, porém crianças são surpreendentes e desafiadoras.

Tirando golfadas, fraldas sujas e seios expostos em público, bebês pouco nos ameaçam e constrangem. Já crianças... Falam loucuras nos elevadores e são brutalmente sinceras. Já não conto mais nos dedos as situações de profundo constrangimento que passei com meus filhos. Elas vão desde: só isso? ( falado em alto e bom tom depois de um espetáculo infantil) à que bunda mole! ( referindo-se a uma banhista na praia do futuro).

Claro que as situações constrangedoras não justifica minha preferências pelas crianças acima de 4 anos. Mas confesso que animam meus dias e com certeza são um bom treinamento para lidar com situações inusitadas. Praticamente ganhei o dote  ninja do improviso nesses 7 anos de maternidade.  

Crianças abrem consideravelmente o leque de brincadeiras e passatempos. E eu adoro brincar, criar e inventar! Bebes são fofos e fazem os nossos olhos encherem-se de felicidade com as caras e bocas que fazem, mas, depois de 30 minutos de brincadeira com um bebê, confesso que começo a ficar entediada. ( Essa frase cai na categoria do “pronto, falei!”)

Acho também que o sentimento materno amadurece. Não cresce nem diminui, ele muda com o avançar da idade da criança. Continua incondicional e sem limites mas acho que de certa forma o amor ganha corpo e forma. Amamos bebes em um contexto de turbilhão hormonal, instinto e senso de responsabilidade. E quando a poeira baixa, o amor se assenta em nossos corações de uma forma única. Amamos agora uma crianças cheia de peculiaridades que a distinguem das demais.

As crianças abrem mais portas. As do cinema, dos teatros, das livrarias. Abrem gavetas cheias de quinquilharias e de lá tiram exércitos inteiros para lutar contra dragões. Enfrentam novos desafios, questionam e descontroem. Crianças são quase sempre subestimadas e com frequência surpreendem. E isso é bom demais!

Acontece que embora eu tenha deixado explícito que quanto maior melhor, eles andam se empolgando. Sim, eles, aqueles implacáveis monstrinhos  esticadores de meninos. Agem à noite, durante o sono. Mesmo montando vigília, fica difícil de impedi-los. Puxam, repuxam e usam a neurociência, os hormônios e as epífises ósseas como justificativa para o que fazem.

Eita monstrinhos danados... Não precisam levar o que digo tão ao pé da letra. Vão tirar umas férias, fazer um sabático ou um retiro de meditação. Eu sei que vocês são implacáveis e irredutíveis então já alertei os meus meninos que não importa o quanto cresçam, sempre caberão no meu colo. 

Ah, e vale esclarecer. Falei que quanto maior melhor referindo-me à categoria infantil. Antes da pré-adolescência, antes, muito antes da vida adulta. Prefiro as crianças aos adultos. Mas se tiverem realmente que crescer, que sejam adultos com boa memória e recordem bem da infância que tiveram.

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