Ou: Monstros
esticadores de menino
Eu
sempre disse:
Filhos,
quanto maior melhor.
Enquanto
a maioria das minhas amigas falava com saudosismo da época em que os filhos
eram bebes, eu retorcia o nariz. Gosto de bebês. Amamentar foi uma das
experiências mais gratificantes que tive na vida e cuidar de um recém-nascido o
maior exercício de autoconfiança e responsabilidade. Eles são lindos e nos amam
incondicionalmente, porém crianças são surpreendentes e desafiadoras.
Tirando
golfadas, fraldas sujas e seios expostos em público, bebês pouco nos ameaçam e
constrangem. Já crianças... Falam loucuras nos elevadores e são brutalmente
sinceras. Já não conto mais nos dedos as situações de profundo constrangimento
que passei com meus filhos. Elas vão desde: só
isso? ( falado em alto e bom tom depois de um espetáculo infantil) à que bunda mole! ( referindo-se a uma
banhista na praia do futuro).
Claro
que as situações constrangedoras não justifica minha preferências pelas
crianças acima de 4 anos. Mas confesso que animam meus dias e com certeza são
um bom treinamento para lidar com situações inusitadas. Praticamente ganhei o
dote ninja do improviso nesses 7 anos de
maternidade.
Crianças
abrem consideravelmente o leque de brincadeiras e passatempos. E eu adoro
brincar, criar e inventar! Bebes são fofos e fazem os nossos olhos encherem-se
de felicidade com as caras e bocas que fazem, mas, depois de 30 minutos de
brincadeira com um bebê, confesso que começo a ficar entediada. ( Essa frase
cai na categoria do “pronto, falei!”)
Acho
também que o sentimento materno amadurece. Não cresce nem diminui, ele muda com
o avançar da idade da criança. Continua incondicional e sem limites mas acho
que de certa forma o amor ganha corpo e forma. Amamos bebes em um contexto de
turbilhão hormonal, instinto e senso de responsabilidade. E quando a poeira
baixa, o amor se assenta em nossos corações de uma forma única. Amamos agora
uma crianças cheia de peculiaridades que a distinguem das demais.
As
crianças abrem mais portas. As do cinema, dos teatros, das livrarias. Abrem
gavetas cheias de quinquilharias e de lá tiram exércitos inteiros para lutar
contra dragões. Enfrentam novos desafios, questionam e descontroem. Crianças
são quase sempre subestimadas e com frequência surpreendem. E isso é bom
demais!
Acontece
que embora eu tenha deixado explícito que quanto maior melhor, eles andam se
empolgando. Sim, eles, aqueles implacáveis monstrinhos esticadores de meninos. Agem à noite, durante
o sono. Mesmo montando vigília, fica difícil de impedi-los. Puxam, repuxam e
usam a neurociência, os hormônios e as epífises ósseas como justificativa para
o que fazem.
Eita
monstrinhos danados... Não precisam levar o que digo tão ao pé da letra. Vão
tirar umas férias, fazer um sabático ou um retiro de meditação. Eu sei que vocês
são implacáveis e irredutíveis então já alertei os meus meninos que não importa
o quanto cresçam, sempre caberão no meu colo.
Ah, e vale esclarecer. Falei que quanto maior melhor referindo-me à categoria infantil. Antes da pré-adolescência, antes, muito antes da vida adulta. Prefiro as crianças aos adultos. Mas se tiverem realmente que crescer, que sejam adultos com boa memória e recordem bem da infância que tiveram.
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