Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Desapego

Há algum tempo distancio-me do meu país.
Tantas idas e vindas. Luas de mel e desafetos. Depois de tantas tentativas de remediar o que parece não ter mais remédio. Depois de olhar de longe, fingir imparcialidade... Jogo a toalha.

Viver aqui é quase como viver sufocada. Prender um grito, fechar os olhos. Vivemos nossos dias de forma modesta, agradecendo por não ter sido pior.  Vivemos também, modestamente felizes, sem nos mexermos muito para não levantarmos a poeira podre do que nos cerca.

Se em terra estranha, com certeza defenderia meu país. Como uma mãe defende seu filho em público, sabendo do castigo que lhe cabe. Não nego também suas virtudes, que, infelizmente, diminuem em número a cada vez que tento computa-las.

Meus filhos estão crescendo aqui, o que me inquieta. Com certeza falharei em passar qualquer sentimento patriota aos meus meninos. Tampouco, esse ano, fiz alarde nas comemorações de 7 de setembro.

Estou em terapia de desapego. Encanta-me muito mais o movimento das chuteiras do que o brilho da camisa amarela. O tempero da comida brasileira já carrego comigo, sua música já ressoa em meus ouvido e o cheiro da maresia ninguém me tira, está tatuado. Brasil, fico cada vez mais independente de ti.

Porém não fugirei à luta, na condição que tu também ergas a clava forte da justiça. Coisa que não o vejo fazer faz tempo. Alguns dizem que não devo confundir o país com o seu povo, muito menos com os que o governam. Pois bem, o que seria um país se não seu povo cercado por limites arbitrários? 

Se já não me encanta o que vejo, vou olhar para ti pelos olhos dos outros. Olhos de um menino que ainda se deixa iludir, se deixa levar pelos teus encantos. Melhor assim. Que a pátria seja amada pelos olhos vestidos de inocência e deles alimento-me de tolerância para levar os meus dias contigo.

Sejamos parceiros, pois amantes...Não, amantes nunca mais.

Um comentário:

  1. Sentimento partilhado de uma forma mais intensa do que possa imaginar...

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