Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O bolo e o cocô de galinha


Aproveitei uma tarde de domingo e fui fazer um bolo. Como Igor dormia, André seria meu único ajudante naquele dia. Enquanto eu lia a receita, ele separava os ingredientes.

Farinha de trigo integral.
Aveia.
Ovos.
Manteiga.
Leite.
Açúcar.
Canela.

Tudo pronto. Iniciamos.

Manteiga e açúcar misturados, chegou a hora dos ovos. Quebrar os ovos e separar as gemas das claras é sem dúvidas a parte mais emocionante de se fazer uma bolo. Especialmente quando temos crianças como sous-chefs.

André estava morto de feliz, pois como Igor dormia, ele teria dois ovos só para ele. Relembramos os passos a serem feitos e ele iniciou sua tarefa. Pegou o primeiro ovo e... Fez cara de que tinha algo errado.

- Mãe, o que é isso? Perguntou ele.
- Um pouquinho de cocô de galinha, filho. Respondi com naturalidade.

Olhos arregalados, coração acelerado, cara de quem comeu e não gostou. André ficou paralisado, consternado, injuriado.

Eu não conseguia parar de rir. E continuava rindo enquanto tentava explicar como as galinhas punham os ovos com especial atenção aos aspectos anatômicos.

A paralisia do André foi quebrada por um movimento lento e milimetricamente calculado feito para colocar o ovo de volta no balcão da cozinha. Uma analogia poderia ser feita com o Super Homem segurando uma granada de Kryptonita. Esticou-se um pouco, e mais um pouco, para garantir que o ovo ficasse a uma distância razoável dos outros ingredientes.

Consegui conter o riso e André voltou sua atenção para o outro ovo. Examinou cuidadosamente antes de pega-lo e então, seguiu o ritual de quebra-lo e acrescenta-lo aos outros ingredientes.

Muita meladeira, risadas e conversas. Mas chegou a hora do outro ovo, o dito cujo, o ovo com coco de galinha.

- André, amor,  é só você repetir o mesmo movimento que fez com o primeiro ovo. A casca não vai na receita, só o que está dentro do ovo, então, o cocô não é um problema.
Falei em tom professoral que pareceu funcionar pois André pegou o ovo e reiniciou o ritual.

Mas o destino reservava mais emoção para o meu menino naquele domingo e uma pedaço da casca do ovo caiu dentro na tigela do bolo.

- Mamãe!! O cocô!  Gritou André.

Novamente não contive o riso. Mas também não queria temperar o bolo com cocô de galinha. Respiramos aliviados ao vermos que o pedaço com o cocô estava preservado, inteirinho em sua mão.

Depois disso, tudo correu com tranquilidade. Um pouco de farinha, um pouco de leite e uma mexidinha. E de novo, e de novo.

Bolo pronto, cheiro bom, merenda da tarde garantida.

Papai olhou pro André e disse:

-       André, foi você quem fez o bolo?
-       Sim papai.  Respondeu orgulhoso.
-       Está ótimo, parabéns! Mas tem um pouco de gosto de cocô de galinha.

Olhos arregalados, respiração interrompida.

P.S. Papai não podia perder a piada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário