Para mães divertidas, seguras, criativas, cheias de atitudes, atletas, donas de si, firmes, corretas e também para as mães que, como eu, não são tanto, mas são boas, intencionalmente boas mães.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O cocô da Júia por Márcio Silveiro


 Dia 10/10/2009 aconteceu uma coisa linda. A Júlia fez cocô pela primeira vez na privada. Quer dizer, ela estava sem fralda e se espremendo e eu a peguei nos braços e sentei no trono. Se tivesse demorado mais um segundo tinha sido no chão. Vale assim, ou ela tinha que ter se sentado por vontade própria? Sinto falta de uma normatização sobre estas coisas. Por exemplo, eu sei que para considerar que a criança andou sozinha é obrigatório ela estar apenas com os pés no chão, sem nenhum apoio. Mas tem um número mínimo de passos? Para palavras novas, na falta de uma regulamentação apropriada, eu inventei minhas próprias regras. Tem que ser na frente de duas testemunhas, e repetir duas vezes. Eu ainda peço que ela diga pelo menos um sinônimo e para os verbos eu só aceito se ela conjugar o futuro e o pretérito-mais-que-perfeito. Só na primeira pessoa, é claro, que ela é apenas uma criança.
Independente do 1° cocô na privada dela ser validado ou não pela Associação Brasileira de Pediatria, ela ficou muito contente com o fato. Olhava maravilhada para ele na água. Ah! As coisas que as crianças nos lembram sutilmente...que devemos nos encantar com as coisas simples.....tem gente que nunca esquece desta lição e talvez seja por isso que o Faustão ainda tem tanta audiência.
Depois dela ter ficado o admirando um pouco, avisamos que ele ia embora e ela até se despediu (Tchau, cocô!). Ainda pensei em pegar a máquina e registrar o momento, mas me controlei. Para tudo tem um limite! Afinal, se a Associação de Pediatria é omissa, a de Psquiatria certamente já tem uma palavrinha para descrever isso: fotoinfantocoprozofrinia. Agora estou arrependido. Não que eu ache que ela um dia vá sentir falta de ter uma recordação desta conquista. É que percebi que isso poderia ser muito útil para mim no futuro. Pelas minhas projeções vai ser mais ou menos quando estiverem criando o Prêmio Iguatemi de conservação do meio-ambiente, e a Júlia discordar de todas minhas opiniões ("Chico Mendes o quê, pai?! O grande ecologista brasileiro foi o Tasso, que salvou o Cocó!"). Nesta época devem aparecer uns gaiatos lá por casa e, depois de ter passado a juventude toda convivendo com uns caras sem-futuro, só de bater o olho eu já vou saber quem é quem. Mas ela já não vai me escutar e proibir é ainda pior. Fazer o quê? O jeito vai ser me fazer de amiguinho e na hora que ela se distrair eu darei o golpe mortal: "Ô rapaz, deixa eu te mostrar umas fotos de quando a Júlia era pequena....". Ia fazer questão de olhar bem na cara dele quando eu mostrasse a foto, ampliada, do 1° cocô dela na privada. Ainda ia perguntar: "Legal, né?". Depois eu sairia da sala para rir no quarto. Duvido que um safado destes voltasse lá em casa. E se voltasse, o doente, eu denunciava este fotoinfantocoprozofrênico para a Polícia!
É, estou convencido que tenho que me preparar para o futuro. Na próxima oportunidade vou tirar a foto e guardar para o momento adequado. Então, por favor, não contem para ela que a foto não é do 1°, mas do 2°, ok?

Um comentário:

  1. Oi, Iusta! Acabamos de receber o prêmio, a Júlia adorou. Expliquei que o havia ganho com um texto que escrevi sobre ela e aproveitei para ler para a própria. O que eu esperava aconteceu. Ela não achou nenhuma graça. Espero que ela mude de opinião quando crescer!

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