Dia 10/10/2009 aconteceu uma coisa linda. A
Júlia fez cocô pela primeira vez na privada. Quer dizer, ela estava sem fralda
e se espremendo e eu a peguei nos braços e sentei no trono. Se tivesse demorado
mais um segundo tinha sido no chão. Vale assim, ou ela tinha que ter se sentado
por vontade própria? Sinto falta de uma normatização sobre estas coisas. Por
exemplo, eu sei que para considerar que a criança andou sozinha é obrigatório
ela estar apenas com os pés no chão, sem nenhum apoio. Mas tem um número mínimo
de passos? Para palavras novas, na falta de uma regulamentação apropriada, eu
inventei minhas próprias regras. Tem que ser na frente de duas testemunhas, e
repetir duas vezes. Eu ainda peço que ela diga pelo menos um sinônimo e para os
verbos eu só aceito se ela conjugar o futuro e o pretérito-mais-que-perfeito.
Só na primeira pessoa, é claro, que ela é apenas uma criança.
Independente do 1° cocô na privada dela ser
validado ou não pela Associação Brasileira de Pediatria, ela ficou muito
contente com o fato. Olhava maravilhada para ele na água. Ah! As coisas que as
crianças nos lembram sutilmente...que devemos nos encantar com as coisas
simples.....tem gente que nunca esquece desta lição e talvez seja por isso que
o Faustão ainda tem tanta audiência.
Depois dela ter ficado o admirando um pouco,
avisamos que ele ia embora e ela até se despediu (Tchau, cocô!). Ainda pensei
em pegar a máquina e registrar o momento, mas me controlei. Para tudo tem um
limite! Afinal, se a Associação de Pediatria é omissa, a de Psquiatria
certamente já tem uma palavrinha para descrever isso: fotoinfantocoprozofrinia.
Agora estou arrependido. Não que eu ache que ela um dia vá sentir falta de ter
uma recordação desta conquista. É que percebi que isso poderia ser muito útil
para mim no futuro. Pelas minhas projeções vai ser mais ou menos quando
estiverem criando o Prêmio Iguatemi de conservação do meio-ambiente, e a Júlia
discordar de todas minhas opiniões ("Chico Mendes o quê, pai?! O grande
ecologista brasileiro foi o Tasso, que salvou o Cocó!"). Nesta época devem
aparecer uns gaiatos lá por casa e, depois de ter passado a juventude toda
convivendo com uns caras sem-futuro, só de bater o olho eu já vou saber quem é
quem. Mas ela já não vai me escutar e proibir é ainda pior. Fazer o quê? O
jeito vai ser me fazer de amiguinho e na hora que ela se distrair eu darei o
golpe mortal: "Ô rapaz, deixa eu te mostrar umas fotos de quando a Júlia
era pequena....". Ia fazer questão de olhar bem na cara dele quando eu
mostrasse a foto, ampliada, do 1° cocô dela na privada. Ainda ia perguntar:
"Legal, né?". Depois eu sairia da sala para rir no quarto. Duvido que
um safado destes voltasse lá em
casa. E se voltasse, o doente, eu denunciava este
fotoinfantocoprozofrênico para a Polícia!
É, estou convencido que tenho que me preparar
para o futuro. Na próxima oportunidade vou tirar a foto e guardar para o
momento adequado. Então, por favor, não contem para ela que a foto não é do 1°,
mas do 2°, ok?
Oi, Iusta! Acabamos de receber o prêmio, a Júlia adorou. Expliquei que o havia ganho com um texto que escrevi sobre ela e aproveitei para ler para a própria. O que eu esperava aconteceu. Ela não achou nenhuma graça. Espero que ela mude de opinião quando crescer!
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