Estou eu aqui. Esperando. Grata pela internet sem fio e pela lista
de “coisas por fazer” que ocupam meu tempo nesta hora. Tempo este que estaria
utilizando para questionar, duvidar e alimentar minha descrença caso não
tivesse outras coisas para fazer e pensar.
Falo de um serviço que hoje utilizo, a psicóloga pediátrica. Em um
assunto específico comportamental com relação ao meu filho mais velho. Resolvi
assumir minha ignorância e pedir ajuda. Hesitei bastante, sempre achando que ia
conseguir. Li estudei, tentei... Mas não consegui resolver o problema.
Como parte do meu processo de convencimento, comecei a contabilizar
as pessoas que conhecia que utilizavam-se deste serviço. Espanto! Muitas
amigas, conhecidas e afins, levam seus filhos ao psicólogo. Serviço caro e
especializado. Os motivos são diversos e nesta área de motivo não me meto, cada
um sabe onde o sapato lhe aperta... Mas não paro de topar com famílias que
levam seus filhos a psicóloga. Ainda me espanto.
Encomendei um bolo: - A
senhora venha pegar antes das 3 da tarde pois depois disso levarei minha filha
ao psicólogo.
Tentei ajustar o horário da
natação do meu filho com o de um colega: Ah... Que pena, neste horário não da
pois ele tem psicóloga.
Em uma roda de amigas:
...Esta é a mesma psicóloga que já a levei antes, ela é ótima...
Parece até o assunto da moda. Todo canto que vou, toda conversa da
qual participo entra psicóloga no meio. E eu engrossando as fileiras...
Resolvi sair da ignorância e estudar um pouco sobre o campo da
psicologia infantil.
Vi que a psicologia infantil é: “O
estudo do desenvolvimento infantil e das suas perturbações”. Acompanho o
desenvolvimento infantil dia a dia de dois meninos bem diferentes e com certeza
presencio muitas perturbações ;) Mas talvez a grande diferença seja a forma de
ver determinadas situações e a conduta a ser seguida para o melhor desfecho do
olhar treinado para tal: a Psicóloga pediátrica.
“A maior parte dos
problemas que ocupam o psicólogo em pediatria envolvem perturbações e
alterações de comportamento muito frequentes.” Justamente
por isso, (pelo que entendi das minhas leituras) tem-se que tomar cuidado
especial para não classificar e atribuir patologias a uma criança que apenas
segue seu curso de desenvolvimento dentro da ampla janela da normalidade.
Mas, como mães, somos inseguras demais, estamos muito apressadas em
ver nossos filhos cumprindo 100% do potencial que atribuímos a eles. Precisamos
de um profissional para dividir a responsabilidade e aplacar os nossos
anseios. Mais, precisamos de um olhar externo, alguém que veja a situação com
imparcialidade, e melhor, com embasamento científico para equilibrar-se com o
nosso julgamento emocional nada cartesiano.
A dúvida e a culpa que assombra boa parte da nossa geração de mães
pode ser uma das explicações da grande procura por psicólogos infantis. (
Embora aqui, acho que valesse mais um psicólogo para adultos, para nós mesmos) A
vontade de fazer TUDO ao nosso alcance, não deixar nada passar em branco.
Meu filho ama suas sessões. Para ir a psicóloga, desliga o Cartoon
network, toma banho e se arruma sem reclamar. Claro que ele adora. Abre um baú
cheio de coisas legais, tem a atenção integral e exclusiva de um adulto por 1
hora, e só brinca. Isso mesmo, só faz brincar durante 1 hora inteira. E eu aqui esperando...
Sei da importância do lúdico e imagino que a psicóloga deva estar
desvendando os mistérios da cabecinha do meu filho com tais brincadeiras...
Mas, me desculpem, eu questiono.
Passo 1 hora da minha espera me questionando o que diabos estou
fazendo aqui. Mas quando ela vem trazer meu filho de volta, recebo-o com
carinho e digo muito obrigada à psicóloga. Acho ainda que repetirei esse ritual
por um bom tempo. O de questionar e o de agradecer. Provavelmente, e
infelizmente, pelos motivos que expus acima. Porém, convenhamos, resultados são
sempre bons de serem vistos e se eles existirem, direi muito obrigada com muito
mais convicção. Agradecerei feliz pelo benefício real ao meu filho e não pelo
tratamento da minha insegurança materna.
A psicologia infantil veio firmar-se como campo mais difundido e
respeitado na década de 70, sendo criadas suas primeiras sociedades científicas
e linhas próprias de abordagem. Tem, então, mais ou menos a nossa idade. Porém,
sinceramente espero que não tenha herdado os vícios da nossa geração e que,
tenha tido uma infância bem resolvida pois, como a grande maioria de nós, não
deve ter tido acesso a tal serviço quando criança.
Forte abraço a todas e incentivo a colocarem um comentário neste
post na sua próxima hora de espera, quem sabe não faz o tempo passar mais
rápido...
Essa tua história me lembrou a minha ao contrário..
ResponderExcluirComo engravidei aos 14 anos, logo minha mãe acgou que eu tinha alguma coisa errada...
Me levou na psicóloga que não entendi até hoje como e o porquê, me deu alta, mas disse que a minha mãe deveria marcar umas sessões com ela. Lembro exatamente do último dia de sessão: "Pronto, ela está ótima! Altamente normal! Está de alta... Não me preocuparia com ela, mas se vocês quiserem marcar uma sessão familiar..."
Quatro anos depois, eu já universitária de medicina, curtindo a vida e cuidando do meu filho, minha mãe achou novamente que eu deveria ir a uma psicóloga. Fui, com duas ou três sessões, ela chamou meus pais e disse: "Ela está ótima, mas eu acho que a terapia de vocês deve ser conjunta. Eu trabalho com terapia familiar. Podemos marcar uma sessão..."
Foi a última vez que vi a mulher na vida! rsrsrs
Apesar de ser bem mais comum, as pessoas ainda se surpreendem quando digo que meu filho tem acompanhamento. Como se houvesse "algo errado" com ele. (Ou como se não houvesse "algo errado" com todo o mundo, pra ser mais freudiano!) Como minha mãe é psicóloga, e eu já fiz terapia, acho natural, e importante ter esse feedback. Por sorte o plano de saúde cobre sem qualquer dificuldade, então é conveniente, e ele também adora, aliás no dia da semana ele já comenta com todos que tem esse compromisso, naquele horário. Pena que nem todos os planos querem cumprir a legislação da ANS!
ResponderExcluir