Conversa silenciosa
ou
Das coisas que aprendi com a maternidade
Talvez um dom antigo... Vivem dizendo que temos habilidades que nem
conhecemos e não exploramos. O fato é que só agora atento para minha capacidade
de ler pensamentos. Olhares passam a ser tão esclarecedores... Verdadeiras
janelas. Olho para meus meninos e sei exatamente o que estão pensando. Antecipo
o desejo, antecipo o malfeito.
Em algumas situações deixo-me cegar pelo cansaço, mas em dias bons
leio verdadeiras autobiografias nas mentes dos meus pequenos. Observando e
sentindo.
Acredito na evolução, na persistência e no treinamento. Acredito
sobretudo na energia e na sintonia. Vou cultivando essa habilidade com cuidado,
e dela me alimentarei. Que venha o destino e leve meus meninos por outros
caminhos. Hoje não preciso escuta-los para saber o que pensam, e no futuro,
também não precisarei vê-los. Saberei o que sentem mesmo na distância. A
notícia boa chegará antes do telefone tocar e eu receberei a notícia ruim com o
abraço já preparado.
Treinamento diário para aperfeiçoamento de dons que só conheci com a
maternidade. Colherei frutos por minha dedicação, um dia a saudade dirá.
Que dom é esse? Alguns chamam de telepatia,
eu chamo de amor demais.
Lindo texto, Iusta, que revela uma sensibilidade incomum. Não me refiro ao "dom" mencionado nem à sua percepção dele, mas à sua maneira de expressá-lo.
ResponderExcluir