André doente quando tinha 1 ano |
Tem muita criança doente. Na verdade, tem muita gente doente essa época do ano.
Muitos com febre e dor no corpo, outros também com diarreia e vômitos. Resolvemos ajudar um pouquinho as famílias que estão passando por esse inferno que é ter uma criança doente em casa.
Entrevistamos quem entende do assunto e atende muitas crianças todos os dias:
Dra. Ana Carolina da Silva Bezerra
Médica Pediatra da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará
Preceptora da Residência e do Internato em Pediatria no Hospital das Clínicas da UFC
Coordenadora da Emergência Pediátrica do Hospital Luiz França/HAPVIDA
1. Estamos observando um número elevado de crianças com quadro de febre,
dor na cabeça, diarreias e vômitos. Qual o diagnóstico mais frequente
para crianças com este quadro?
Esta
época do ano, devido ao clima chuvoso e às aglomerações que ele
provoca, propicia o desenvolvimento das chamadas "viroses sazonais"
(doenças causadas por diversos tipos de vírus e que têm prevalência
aumentada devido a características climáticas de certo período).
2. Quanto tempo espera-se que o quadro dure?
É
importante salientar que muitos pais não se dão por satisfeitos com o
diagnóstico de "virose". É comum ouvirmos "que virose?", "que vírus?".
Essa determinação do agente causador específico não seria impossível.
Mas bem difícil. Por questões operacionais e de custos de exames
específicos para identificação virológica. E em pouco ajudaria, pois os
princípios do tratamento são os mesmos. Alguns dos agentes mais comuns
são enterovírus, adenovírus, influenza e parainfluenza (estes dois
últimos mais implicados em sintomas respiratórios), dentre outros.
A duração do quadro pode variar um pouco de acordo com o tipo de vírus, mas de 3 a 10 dias, ficando em média com 7 dias.
3. Em quadros como este, há urgência em procurar atendimento médico?
Caso
a criança permaneça em bom estado geral e aceitando líquidos, não há
tanta urgência em procurar atendimento. Deve-se controlar a febre com
antitérmicos, aumentar a oferta de líquidos e oferecer alimentos leves,
em refeições de menor volume e mais fracionadas, tendo em vista que é
provável que o apetite esteja diminuído.
4. Quais
sinais de gravidade a criança pode apresentar que sugiram para a mãe um
agravamento da doença e Uma necessidade de procurar assistência médica?
Febre
alta e persistente, estado geral ruim (criança "mole", letárgica),
recusa a ingerir líquidos, sinais de desidratação (diurese diminuída,
pele seca,boca seca, olhos fundos, cansaço (dispneia, falta de ar),
cefaléia (dor de cabeça) intensa. Em crianças menores, além desses,
irritabilidade, choro inconsolável.
5. Esse quadro pode caracterizar Dengue?
A
dengue em geral caracteriza-se por febre persistente, dor muscular
(mialgia) e fadiga. É mais difícil cursar com diarreia e sintomas
respiratórios. Mas, na minha prática pessoal e de colegas, já
evidenciamos casos com estes sintomas. Portanto, caso haja febre alta
persistente e fraqueza, o médico deverá ser consultado para avaliar
necessidade de coleta de exames.
6. Quais os cuidados gerais que a mãe deve ter com uma criança com febre, diarreia e vômitos?
Repouso,
oferta de líquidos, controle da febre com sintomáticos (dipirona,
paracetamol) e observar os sinais de alarme já citados.
7. Em geral, esse quadro precisa de medicação específica?
A
maioria dos quadros é leve e não necessita de medicação específica.
Apenas sintomática. Além de aumento do aporte de líquidos. Medicações
específicas devem ser reservadas a casos mais específicos, onde surjam
complicações, após avaliação médica. Lembrar que antibióticos devem ser
reservados para casos de doenças bacterianas (e não virais) e que alguns
podem inclusive causar uma certa diarreia (efeito colateral
relativamente comum). Por isso os casos onde haja sinais de alarme devem
ser avaliados por profissional.
8. Crianças com esse quadro podem frequentar a escola?
Durante
o quadro agudo é recomendado repouso domiciliar. Tanto para que a
criança possa se recuperar melhor quanto para evitar o contágio.
Esperamos ter ajudado um pouquinho a aplacar a angústia dos pais e das mães.
Agradecemos a disponibilidade e cooperação da Dra. Ana Carolina e da Dra. Melícia Aguiar.
Muita saúde para todos!
Muito bacana a entrevista!!
ResponderExcluirOBRIGADA CYNARA.
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